Convento do Paraíso: o oásis refrescante dos Mouros que se tornou refúgio para amantes de vinho do Algarve
“Desafio aceite” foi o que disse Vasco Pereira Coutinho quando, nos anos 1990, a direcção de vinhos do Algarve lhe propôs plantar vinhas na sua Quinta de Mata Mouros, em Silves, por ser uma das propriedades mais antigas e icónicas da região.
Embora a viticultura tenha uma longa história por terras algarvias, a ascensão do turismo colocou as vinhas em segundo plano por um longo período.
A intenção deste desafio era, essencialmente, resgatar o potencial vitivinícola da região e inspirar outros produtores a seguir o exemplo.
Começaram com 12 hectares de vinha; hoje, são 23 hectares que produzem vinhos reconhecidos dentro e fora de Portugal.



Um Paraíso no meio do Algarve
A denominação “Mata Mouros” remete a lendas antigas sobre mouros que encontraram, naquele lugar, uma mata com inúmeras nascentes de água doce, terras férteis e densa vegetação. Um verdadeiro oásis no meio de um Algarve quente e naturalmente seco!
Já o nome dos vinhos inspirou-se no Convento de Nossa Senhora do Paraíso, fundado no século XVI por D. Fernando Coutinho, bispo do Algarve.
A estrutura, que permaneceu ativa até o século XIX, ainda se mostra imponente, protegida por uma alta sebe de aloendros.


O ano de 2012 foi momento de viragem para a marca, quando se iniciou uma colaboração com a família Soares, da Garrafeira Soares, e que se mantém até aos dias de hoje. Com Diogo Pereira Coutinho, filho de Vasco, já envolvido no projecto, investiu-se em enologia, viticultura, distribuição e no enoturismo.
Revolução nos vinhos do Algarve
As vinhas do Convento do Paraíso são plantadas em solos argilo-cálcários, num terroir que alia a aridez do Algarve à proximidade do mar. As manhãs frescas e os ventos costeiros desempenham um papel essencial na frescura das uvas.
Em vinhas rodeadas por longos campos de laranjeiras, é fácil encontrar um perfil cítrico e aromático nos vinhos desta casa.


Atualmente, a propriedade conta com castas portuguesas e internacionais. Nas tintas, destacam-se Touriga Nacional, Aragonez, Sousão, Negra Mole e Cabernet Sauvignon.
Entre as brancas, Alvarinho e Arinto. As vinhas mais antigas somam cerca de 24 anos, um testemunho da dedicação da família Pereira Coutinho, que desde os anos noventa aposta na revitalização da cultura vinícola da região.
Enoturismo no Convento do Paraíso
Hoje, as portas da quinta estão abertas para visitas exclusivas, sempre mediante marcação, proporcionando aos visitantes uma imersão no universo dos vinhos locais.
Entre as experiências de enoturismo, destaca-se o passeio pela propriedade a bordo de um Land Rover amarelo de 1980, que galga as vinhas com vistas deslumbrantes do rio Arade.
Esta visita inclui uma passagem pela adega e lagares tradicionais, terminando com uma prova de vinhos na loja, o antigo moinho da quinta.
Para quem desejar uma experiência mais imersiva, há duas casas dentro da propriedade – a Casa do Planalto e Casa da Encosta – cada uma com a sua configuração, pátio exterior, cozinha equipada e piscina privada.



Os vinhos do Convento do Paraíso, hoje com nove referências, conquistaram um espaço cativo em restaurantes, lojas e garrafeiras por todo o país e além-fronteiras.
Entre eles, destaca-se o Convento do Paraíso Rosé Touriga Nacional, premiado como o melhor rosé do Algarve em 2021.
Numa região onde o sol, o mar e o turismo predominam, o Convento do Paraíso convida a descobrir um lado diferente do Algarve, mais autêntico e natural.
