Inglaterra: um dos países produtores de vinho mais promissores do mundo e a ter debaixo de olho!
Já há alguns anos que eu sabia que Inglaterra, mais concretamente Londres, era o paraíso para quem gosta de vinho.
Isto porque nesta cidade se encontra uma das melhoras (se não a melhor) loja de vinhos do mundo – Hedonism Wines – e onde decorrem eventos e concursos de vinho onde toda a gente quer participar.
Tornou-se uma montra das tendências do sector do vinho, no que toca ao consumo, estilos, novos países produtores… enfim, tudo se encontra em Londres!




Mas nos últimos anos, não só as garrafeiras da capital que estão a chamar à atenção, já que tanto Inglaterra como o País de Gales têm evoluído muito na produção de vinho, sendo que a região do Sul de Inglaterra se tem destacado, especialmente em espumantes.
Mas a história do vinho neste país vem já de há muito anos mesmo. A produção de vinho no sul da Inglaterra remonta já ao período romano, entre os séculos I e V, quando as vinhas foram introduzidas no sul.
Os romanos reconheceram o potencial da região para a viticultura e plantaram vinhas em áreas como Hampshire, Sussex e Kent. No entanto, com a queda do Império Romano e a chegada dos anglo-saxões, a produção de vinho na região entrou em declínio.
No século XX, por volta dos anos 70, a actividade vitivinícola voltou a ganhar força ao fazerem-se experiências de que castas se poderiam adaptar melhor ao solo e clima inglês.

Actualmente existem 197 adegas em Inglaterra e 2 no País de Gales.
Como se sabe, o clima mudou e, para o caso de Inglaterra, mudou para melhor! Ou pelo menos criou condições muito mais favoráveis à produção de uva e por isso também tem aumentado tanto a área de vinha neste país.
O clima mais ameno e os verões mais quentes da região Sul da Inglaterra, têm-se mostrado propícios para a produção de vinhos espumantes de qualidade, muitas vezes comparáveis aos espumantes franceses e até aos Champanhes. De tal forma que, actualmente, existem já produtores franceses a plantar ou comprar vinhas no sul de Inglaterra para produção de espumante.
É nesta zona que onde muitas das adegas britânicas premiadas estão localizadas. A região também é conhecida pela produção de vinhos brancos leves e frescos.

Estive recentemente no Reino Unido e tive a oportunidade de visitar uma adega no Sul de Inglaterra, uma das regiões mais promissoras do país no que toca à produção de vinho.
South England inclui áreas como Kent, Sussex, Hampshire e Surrey. Visitei a Balfour Winery, localizada em Kent.
Kent é uma das principais regiões vinícolas do país e conhecido como o “Jardim da Inglaterra”. Por aqui produzem-se vinhos tranquilos e espumantes, maioritariamente brancos e rosés. A proximidade de Kent à costa marítima e os diferentes tipos de solo contribuem para a produção de uvas de alta qualidade.


BALFOUR WINERY
Richard e a mulher Leslie sempre viveram em Kent, no meio do campo, rodeados por natureza. Também sempre foram apaixonados por vinhos, pelo que a ideia de ter uma vinha parecia-lhes bastante entusiasmante.
Richard disse: “vamos plantar uma vinha em França” ao que Leslie respondeu “porque não plantar aqui mesmo em Kent?”
E assim nasceu a Balfour Winery em 2002, aos pés da casa da família Balfour-Lynn.

Duas décadas depois, tive o privilégio de visitar esta que é umas das mais antigas adegas do Sul de Inglaterra e surpreender-me com os seus vinhos.
A produção passa essencialmente por espumante feitos sob o método clássico de Champanhe e com as castas tradicionais: Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier.



Mas estas mesmas uvas dão também origem a vinhos tranquilos. Adorei o rosé! Feito exactamente com estas três castas. Muito aromático, a lembrar flores vermelhas, na boca é seco, acidez alta e sabor a frutos vermelhos frescos.
As vinhas da Balfour Winery estão impecavelmente tratadas – assim como as macieiras que dão as maçãs para a cidra de marca própria – por isso um passeio, mesmo debaixo da inevitável chuva inglesa, vale a pena!

Ao contrário de Portugal, ali um dos maiores desafios é mesmo o excesso de chuva e a falta de sol e por isso o ciclo da videira nesta zona também é um pouco diferente do nosso, onde o abrolhamento se dá em Março.
Lá, acontece no final de Maio e, por isso, a vindima geralmente ocorre entre setembro e outubro.
No que toca a castas, 82% das vinhas estão preenchidas com Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier, as castas clássicas para produção de Champanhe.
Mas existe também uma casta amplamente plantada no Reino Unido chamada Bacchus. É branca e trata-se de um hibrido de castas alemãs da qual se inclui o Riesling.

Quanto aos vinhos, os que se produzem em maior quantidade são sem dúvida os brancos, com as castas Bacchus e Chardonnay. São vinhos muito frescos, leves e com excelente acidez.
Os rosés aqui também funcionam muito bem. São produzidos a partir de uma mistura de castas brancas e tintas como Pinot Noir, Pinot Meunier e Bacchus. Os rosés britânicos são geralmente caracterizados pela sua cor pálida, acidez equilibrada e muita fruta vermelha.
Embora a produção de vinhos tintos ainda seja relativamente pequena em comparação com os vinhos espumantes e brancos, algumas adegas apostam em produzir tintos mais elegantes e delicados com taninos suaves, a partir de Pinot Noir que acaba por ser a casta com melhores resultados em climas húmidos e frios.

E o que têm os vinhos de Inglaterra de especial?
Antes de mais, a surpresa, o desconhecido, a novidade, que é algo que o consumidor cada vez mais procura.
Depois, o facto da produção ser maioritariamente familiar, pequeno projectos, os chamados vinhos de boutique a que se pode dedicar mais atenção e detalhe, o que resulta em qualidade.
Esta visita à Balfour Winery e aos vinhos de Inglaterra aconteceu no âmbito do evento Women in Wine Expo mais uma incrível experiência da indústria do vinho!
