Vinho Rosé, palhetes, claretes: vinhos da família do vinho tinto, sem o ser. São todos diferentes entre si.
O vinho Rosé é bastante familiar a toda a gente e quase dispensa apresentações. Já o Clarete e o Palhete, apesar de serem estilos de vinho muito antigos em Portugal, durante uns tempos caíram em desuso.
Agora estão de volta em força e por isso achei que estava na altura de falar deles aqui.
Começo por explicar o que é vinho Rosé.
Trata-se de um vinho feito com castas tintas cujo contacto da película com o sumo, no início da fermentação, é muito curto, por vezes apenas algumas horas dependendo do estilo de rosé que o produtor deseja.
Hoje em dia estão na moda os rosés estilo Provence, bem clarinho, com a chamada cor “casca de cebola”.
Relativamente ao palhete e clarete, embora exista legislação, a questão não é clara nem consensual.
Segundo a lei, um Clarete é o resultado de fermentação parcial de uvas tintas. Ou seja, um rosé mais escuro, entre um rosé e o vinho tinto normal.
O clarete é um tinto com menos cor, mas que não deixa de ter muito corpo e sabor.
Já Palhete ou Palheto é um vinho tinto “obtido da curtimenta parcial de uvas tintas – tal como o clarete – ou da curtimenta conjunta de uvas tintas e brancas, não podendo as uvas brancas ultrapassar 15% do total”, diz a lei.
Portanto, as uvas tintas são sempre em maioria. Em ambos os casos, os vinhos deverão ter um teor alcoólico a rondar os 11%/12%
E, apenas para deixar claro, curtimenta é técnica de fermentar o sumo de uva junto com as partes sólidas (película, ou pele da uva, e grainhas).
Outra diferença entre estes dois estilos de vinho é que o termo Clarete vem do francês “Claret” que, já na idade média em França, descrevia vinhos de Bordéus de cor muito clara, feitos a partir de uvas cuja película tinha naturalmente pouca cor.
Mas o Palhete é um termo bem português e usado há muitos anos.
Quem não se lembra da famosa deixa do filme Pátio das Cantigas, quando um vizinho faz um furo na parede e sai de lá vinho Palhete? Que grande clássico!
Isto tem muito a ver com a própria história e tradição da viticultura em Portugal, em que as vinhas velhas são muito comuns e que, em muitos casos, misturam castas brancas e tintas.
Daí surgirem vinhos mais claros, os tais Palhetes.
A origem do Palhete vem já de muito longe e a provar isso está o vinho histórico Medieval de Ourém.
A sua composição, apesar de misturar uvas brancas e tintas, é o total oposto do que manda a lei, já que se usam maioritariamente uvas brancas, pintadas de vinho tinto.
Acualmente, o vinho Medieval de Ourém é produzido na região de Lisboa, mais concretamente em Encostas D’Aire.
Mantém a mesma receita, por assim dizer, desde que os Monges de Cister o inventaram no séc. XII. É assim, feito com mistura de castas brancas e tintas, neste caso, 80% da branca Fernão Pires e 20% da tinta Trincadeira.
Resumindo e baralhando, o rosé é um vinho feito de uvas tintas, com pouca extracção de cor.
Clarete é feito com uvas tintas e cuja extração está e entre o rosé e o vinho tinto.
Já o Palhete é um vinho que mistura uvas brancas e tintas.
Todos são vinhos deliciosos, cheios de cor, alta acidez e álcool mais moderado e, por isso, perfeitos para beber bem frescos e com boa companhia!