“Paz” é a primeira palavra que me vem à cabeça para descrever a Herdade de São Lourenço do Barrocal

 

E esta paz é transmitida pelo silêncio, pela distância da cidade, pelo espaço amplo da herdade, pela decoração em cores e tons calmos, pelos sorrisos genuínos das pessoas com que me cruzei, pelo calor deste Alentejo no meio do nada.

Situada em Monsaraz, a Herdade de São Lourenço do Barrocal é uma propriedade centenária, com longa história no Alentejo. Neste “monte-aldeia” chegaram a viver 50 famílias servidas de escola, padaria, carpintaria, capela entre outras instalações. As viagens a Reguengos de Monsaraz só se faziam em caso de grande necessidade.

Herdade de São Lourenço do Barrocal

Herdade de São Lourenço do Barrocal

Resistiu a 7 gerações na família Uva até chegar aos actuais proprietários que, de forma a honrar o passado e preservar o património familiar, nos anos 90 se juntaram e iniciaram um importante processo de recuperação dos antigos edifícios da propriedade. Estábulos, casa do caseiro, canil, entre outros, deram lugar a um Hotel rural de luxo com todo o conforto necessário para uma fuga à azáfama da cidade.

Em 2002 plantaram novas vinhas que se juntaram às vinhas velhas já existentes na herdade há mais de 40 anos. Hoje têm um total de 20 hectares de vinha, com 8 diferentes castas entre brancas e tintas.

Logo na sala de estar, junto à recepção, senti-me bem recebida! Grandes sofás de cabedal e uma lareira transmitiam sensação de aconchego, se bem que, no dia em que visitei a herdade, o calor lá fora era tanto que era mesmo dentro da água fresca da piscina que mais apetecia estar!

Herdade de São Lourenço do Barrocal

Herdade de São Lourenço do Barrocal

A piscina encontra-se afastada do edifício principal, num amplo espaço rodeado de oliveiras e “afloramentos de rocha à superfície da terra”, ou seja, os denominados “barrocais” que mais pareciam ter sido cuidadosamente colocados no campo por um decorador!

Naquele dia resisti a dar um mergulho naquela água apetitosa e deixei-me ser guiada pelos recantos da herdade pela mão de Ana – responsável de alojamento do hotel. Vinte e dois quartos e duas suites, dezasseis apartamentos, um Spa e um restaurante, completam a unidade hoteleira.

Herdade de São Lourenço do Barrocal

Herdade de São Lourenço do Barrocal

E foi mesmo o restaurante que mais captou a minha atenção! Não pela comida pois não tive oportunidade de provar (talvez numa próxima visita!) mas sim pela decoração, a cargo da artista plástica Joana Astolfi.

Inspirada na história da família Uva, Astolfi criou um pequeno museu numa das paredes do restaurante onde cuidadosamente colocou diferentes items relacionados com a família: sapatos, livros de receitas, alfinetes, chaves e até um par de luvas brancas pertencentes à bisavó, são ínumeros os objectos desta colecção particular exposta em torno de uma enorme cabeça de veado embalsamado, um dos troféus de caça dos Uva.

Herdade de São Lourenço do Barrocal

A visita terminou na loja onde decorreu a prova dos vinhos da herdade, assinados pela enóloga Susana Esteban. Rodeada de vários produtos e artesanato regionais, à venda na loja, sentei-me frente à longa mesa de madeira a provar 3 vinhos acompanhados de queijos e enchidos alentejanos.

Provei o Regional Branco 2014, Regional Tinto 2014 e Regional Reserva Tinto 2013. Os tintos mostraram-se uma excelente combinação para enchidos, pela sua frescura, juventude, muito aromáticos devido à forte presença de fruta vermelha.

Já a harmonização do branco com os queijos não foi excelente…. Foi perfeita e conquistou-me completamente! (Sim, acredito e defendo que o melhor acompanhamento para queijos é mesmo um bom vinho branco!)

Este vinho de 2014, feito a partir de Roupeiro, Marsanne e Viognier é o meu género de branco: aromas frescos de frutos tropicais que na boca se transformam em discretos frutos secos – nozes ou macadâmia – e com uma óptima acidez e frescura para envolver os queijos!

Herdade de São Lourenço do Barrocal

Como disse, visitei a Herdade São Lourenço do Barrocal num dia verdadeiramente quente. Mas agora, em pleno Inverno e à distância de uns meses, consigo perfeitamente imaginar-me sentada naquele cadeirão de cabedal, enrolada numa mantinha a ouvir o crepitar da lareira e claro, com um copo de tinto na mão a aquecer a alma!

Herdade de São Lourenço do Barrocal