Além de representar muito bem as castas da região dos Vinhos Verdes, a Quinta de Santa Cristina é um exemplo de inovação em enoturismo
Eu sou fiel seguidora das Great Wine Capitals (GWC), uma rede de capitais mundiais associadas ao vinho cujo objectivo é promover as regiões vitivinícolas através das suas ofertas culturais e turísticas. E foi mesmo através das GWC que ouvi falar da Quinta de Santa Cristina, quando em 2017 ganhou um prémio na categoria de Experiências Inovadoras em Enoturismo.
Estava encontrada a desculpa para rumar ao Minho e fazer-lhes uma visita!
Este lugar deve o seu nome a uma santa italiana, curiosamente padroeira dos moleiros. A capela construída para abrigar a sua estátua dá-nos as boas-vindas logo à entrada da adega, mas passado o portão principal já nada nos faz lembrar de santos nem de épocas antigas. Antes pelo contrário: esta é uma das adegas mais modernas da região dos vinhos verdes.
A produção de vinho na quinta começou por ser um hobby da família, mas, como acontece em Portugal, tornou-se um caso sério, um negócio que crescia de ano para ano. Foi assim que, em 2014, a família construiu a actual adega.
Quem me recebeu foi a Liliana, responsável do enoturismo e principal dinamizadora da Quinta de Santa Cristina. Levou-me a passear por entre aquelas vinhas lindas, frondosas, tão características dos vinhos verdes, enquanto me contava um pouco acerca das castas plantadas nos 30 hectares em torno da adega.
Naquele dia éramos só as duas, pudemos andar calmamente a pé pela quinta, mas a Liliana leva o enoturismo muito a sério, tendo criado inúmeras actividades ao ar livre para todas as idades explorarem a propriedade. Ele é passeios de segway ou de jipe 4×4, piqueniques na vinha, caminhadas fotográficas, plantação de um pé de videira…
A adega é enorme, ultramoderna e muito bem equipada. Eu fiz a visita em Junho, pelo que todo o equipamento estava impecavelmente limpo, preparado para receber as uvas.
No topo da adega, um terraço surpreendeu-me com a vista para a serra do Marão: uma paisagem inundada de verde, todos os tons do verde, onde as vinhas garridas fazem companhia à vegetação autóctone. O nome da região não podia ser mais apropriado…
A contrastar, um espelho de água azul rematava a varanda. Que paz…..! Só me apetecia ficar ali o resto do dia, ninguém ia conseguir convencer-me a ir embora. «Lá dentro», diz a Liliana, «temos a degustação de vinhos e petiscos». Pensando melhor, paisagens há muitas…
A loja e sala de provas era um espaço muito alegre e luminoso, onde os rótulos dos vinhos produzidos na quinta coloriam as paredes.
Das cerca de 14 referências, provei o brancos Alvarinho-Trajadura e Batoca – uma casta que não conhecia mas gostei! Aromas intensos de fruta tropical no inicio mas um final suave. E ainda um verdadeiro Vinhão em malga de loiça, como deve ser!
Poucos se aventuram neste vinho verde tinto, menos conhecido pelo país. É um vinho, digamos… especial! Ou se adora ou se odeia. Eu cá adoro o seu sabor intenso, um pouco ácido, e a cor que nos deixa na língua e nos dentes.
Tanta intensidade pedia comida. Da boa. Uma tábua de enchidos e queijos regionais, acompanhados de pão e compotas, por exemplo? Obrigada, Liliana. Não podia pedir mais à Quinta de Santa Cristina!