Lá do alto dos socalcos, a Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo olha o rio e recebe muitos visitantes
Os corajosos homens que, até aos anos 60, desafiavam as correntes do Douro e, num esforço sobre-humano, levavam nos rabelos pesadíssimas pipas de vinho do Porto, desde as quintas a montante até às caves em Gaia, tinham quem olhasse por eles: Nossa Senhora do Carmo.
A capela da santa padroeira, de 1795, ainda lá está no alto dos socalcos, a olhar o rio, agora pronta a receber quem vem descobrir o néctar da região vinícola demarcada mais antiga do mundo.
Chovia a cântaros naquele dia, mas nada que umas galochas não resolvessem – foi mesmo pela vinha que comecei a visita à quinta, porque é aí que tudo começa e o vinho acontece.
Que vinha tão bem cuidada, e que vista sobre o rio! Em tempos, destas vinhas saíam vinhos do Porto, tal como da maioria das quintas do Douro.
Mas desde que a Quinta Nova tem novos proprietários que a estratégia mudou: hoje, estas vinhas trabalham para nos fazer chegar à mesa os chamados “vinhos tranquilos”, de grande qualidade.
Já na adega, Eduardo mostrou-me o enorme investimento em tecnologia que tem sido feito. Ao ver toda aquela maquinaria, não resisti a defender o trabalho humano, argumentando que as máquinas vinham tirar o lugar aos homens.
Com alguma tristeza, Eduardo explicou que as máquinas simplesmente vieram substituir o trabalho que os humanos já não querem ou podem fazer. Os tempos são outros; há cada vez menos gente disposta a fazer a tradicional pisa a pé, pelo que a tecnologia tem sido uma fantástica ajuda aos produtores.
Mas há algo na Quinta Nova que se mantém como antigamente. Ainda se produzem três referências de vinho do Porto, que descansa vários anos em barricas seladas a lacre – como quem guarda um tesouro.
Voltámos então ao quentinho da loja e sala de provas. Mais uma vez com o Douro na mira, provámos três vinhos que, a pedido, podem ser acompanhados de queijos, chouriços e outros petiscos a pedido.
Provei o branco Pomares – cremoso na boca e com frutos tropicais bem presentes – e os tintos Grainha Reserva e Quinta Nova Reserva – ambos produzidos a partir das castas tradicionais do Douro, com aromas da fruta madura dando-lhes uma boa complexidade.
Óptimo aperitivo para o almoço que se seguia!
Junto à capela, está o Conceitus Winery Restaurant, aberto todo o ano. A ementa é baseada nos produtos regionais da estação. Todos os dias são pensados dois menus degustação, com pratos tradicionais, em que cada iguaria é acompanhada por um vinho Quinta Nova cuidadosamente escolhido pelo chef.
Só para lhe deixar com água na boca: o menu daquele dia chuvoso sugeria creme de castanha, pernil de porco assado e tarte tatin…
A Quinta Nova Luxury Winery House tem também alojamento, mas, pena minha e sorte do hotel, os quartos estavam lotados.
Fiquei com vontade de regressar, talvez num dia em que o sol se mostre menos tímido, e eu possa voltar a passear pelos jardins da quinta – sempre surpreendida com o verde vivo das vinhas do Douro.
“Vinhos Tranquilos” com estas imagens nem poderia ser de outra maneira. Tenho que ir procurar significado.
E as barricas seladas a lacre, que detalhe incrível!
🙂 É este blogue que me vai fazer apreciar vinho?? É que assim até dá vontade!
Obrigada Lucia pelo teu comentário! 🙂 se o blog te fizer apreciar vinho então já valeu a pena criá-lo. Continua desse lado! bjinhos
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