Quinta de Alcube é um lugar com mais de 2000 mil anos que continua a surpreende a cada dia!
“A Madalena tem horas para ir embora?” – Respondi que não – “Óptimo, eu também não”. E assim começou o meu passeio pela Quinta de Alcube.
Decidido a mudar de vida e dedicar-se ao campo, nos anos 90 João Serra mudou-se de armas e bagagens para a Quinta de Alcube – pertencente à família desde 1913 – salvando-a do abandono em que a anterior geração quase a deixou.
A ideia de começar uma vida longe do ritmo acelerado da cidade, não só o entusiasmou a si como também os seus filhos que, com determinação, se juntaram ao pai neste novo desafio.
Começaram por plantar as primeiras vinhas em 1998 e, o que parecia ser uma simples operação agrícola, tornou-se uma verdadeira descoberta arqueológica!
A cada passagem do tractor pelos campos, foram-se encontrando antigos artefactos e instrumentos soterrados.
Aos poucos, João Serra apercebeu-se que estava no centro de uma antiga região povoada pelos romanos, sendo que algumas das peças encontradas têm mais de 2000 anos.
Mós, cerâmicas, talhas de vinho e azeite e outros artefactos agrícolas, todos os dias o proprietário diz descobrir um artigo novo na quinta.
Até mesmo quando começou a construir a primeira adega na quinta, as obras foram interrompidas pelo pedreiro quando, inesperada e surpreendentemente, ele descobriu, atrás de uma parede, um banho romano! “Ainda vou encontrar uma cidade debaixo de terra!” diz João Serra.
Também pertencente à quinta é a Capela de S. Macário, onde inicialmente estava previsto fazer um pequeno apartamento para os visitantes se alojarem, a juntar aos 3 quartos já existentes no edifício principal do palacete.
Mas João Serra decidiu dar-lhe um melhor destino: hoje a capela é a sala de eventos e o museu da quinta onde estão expostas todas as peças valiosas desde há 2000 anos até ao tesouro mais recente da Quinta de Alcube, o vinho!
Esta é uma marca que não vão encontrar presente em feiras pelo país e são mesmo poucos os restaurantes que têm o seu vinho na carta; isto porque a Quinta de Alcube é provavelmente o único produtor do país que vende toda a sua produção à porta da adega!
É verdade: os 300 mil litros provenientes dos cerca de 30 hectares são todos vendidos na loja da quinta ou mesmo consumidos no agradável alpendre, no final de uma visita pela propriedade.
A Quinta de Alcube tem neste momento 15 referências de vinho, todas elas com a assinatura do enólogo Jaime Quendera.
Tive oportunidade de provar cinco delas, acompanhadas por queijo de Azeitão, compotas e mel, também produção caseira!
Apesar da Castelão ser a casta rainha da região da Península de Setúbal, foi a Trincadeira que mais me surpreendeu e que tem conquistado mais adeptos dentro e fora do país. É hoje considerado o cartão de visita da marca, assim como o “Alcubissimo” – um aromático e guloso colheita tardia.
Quando perguntei a João Serra qual o segredo para que tudo funcione tão bem nesta quinta, a resposta foi simples e se hesitação “Amor! Tudo o que faço aqui é com amor”.