“O ‘namoro’ durou um ano” contam Eva e Artur, actuais proprietários da Quinta da Boa Esperança. Não foi fácil convencer o anterior dono a vender a quinta, mas o jovem casal de Lisboa não desistiu porque sabia que este era o lugar perfeito para realizar o sonho de ter um projecto vínico.

E, finalmente, em 2014, uma nova vida começou neste lugar.

A proximidade à capital e ao mar foram as duas principais razões que os levaram a escolher esta quinta na Zibreira, Torres Vedras. Mantiveram as vinhas existentes e acrescentaram novas castas, hoje com idades entre os 5 e os 35 anos.

As vinhas de sequeiro, estrategicamente plantadas num vale entre a Zibreira e Santa Cruz, beneficiam bastante do arejamento e vento fresco do Atlântico, o que facilita a prática de agricultura sustentável e mínima intervenção.

Depois de longos anos em que a quantidade era o principal objectivo, a nova viticultura foca-se essencialmente na qualidade da uva, aproveitando o que a terra dá e adaptando as vinhas ao estilo de vinho que pretendem criar.

O primeiro néctar da Quinta da Boa Esperança dado a conhecer foi o rosé de 2015, acabando por se tornar o melhor cartão de visita desta casa. Outros vinhos se seguiram – uns monocasta e outros blend, algumas experiências que ficaram pelo caminho, outras que se mantiveram na família – mas todos têm levado o nome da Boa Esperança fora dos muros da quinta.

De tal forma, que a abertura de portas ao enoturismo foi um passo bastante natural para Artur e Eva.

Recuperaram uma antiga casa, transformaram o lagar de 1914 numa sala de refeições com lareira e, aos poucos, começaram a receber clientes e amigos.

E assim, da simples visita à vinha e prova de vinhos, até à organização de casamentos e festas de aniversário, foi um instante.

E as razões são muitas, porque a Quinta da Boa Esperança tem efectivamente boas energias! Os visitantes são recebidos como em casa, sem pressas e de forma acolhedora. Todos os recantos estão muito bem cuidados e decorados.

Já a piscina, tem a localização perfeita para um evento intimista ao pôr do sol que pode terminar com um jantar no alpendre da casa principal, sempre com um delicioso aroma de folha de figueira no ar.

Além de Eva e Artur, também Madalena faz parte da equipa de enoturismo, dando um cunho muito genuíno e familiar a todas as visitas que, diz a própria “nunca são iguais”. Há um grande cuidado em acomodar os visitantes segundo as suas preferências de vinho, de comida, idioma, disponibilidade de tempo e ocasião da visita.

Actualmente os 13,5 hectares de vinha são compostos por Arinto, Fernão Pires e Sauvignon Blanc nas castas brancas e Castelão, Touriga Nacional, Syrah e Alicante-Bouschet nas tintas.

A Quinta da Boa Esperança produz, assim, 13 referências sendo o rosé, o Arinto e o Castelão, os que melhor refletem a filosofia que a enóloga Paula Fernandes deseja imprimir nos vinhos.

Elegância é a palavra de ordem. Depois vem frescura, mineralidade, personalidade, fruta, salinidade e leveza.

Qualquer uma das referências pode ser provada durante um picnic no meio da vinha nos dias de sol, ou na adega antiga frente à lareira quando o frio lá fora se faz sentir. A prova pode ainda ser acompanhada por uma generosa tábua de queijos e enchidos.

O vinho será igualmente boa harmonização para as refeições caseiras preparadas pelo Chef da quinta que tem como especialidade a tarte de perdiz, feijoada à portuguesa ou pratos de bacalhau.

Também é possível fazer menus à medida de cada gosto e evento. A horta biológica, as galinhas e as diversas árvores de fruto fornecem muitos dos ingredientes usados nestes almoços e jantares.

A forte aposta no enoturismo é cada vez mais evidente, e a ideia de criar um wine resort com cerca de 10 quartos faz parte dos planos a curto prazo.

A pouco mais de meia hora da cidade Lisboa, com o mar tão próximo, bons vinhos, vista bonita e com pessoas de braços abertos para receber, Eva e Artur acreditam que a Quinta da Boa Esperança é a experiência que todos os amantes de vinho procuram.

Artigo publicado na Revista de Vinhos de Setembro 2023