A Flam Winery situa-se nos Judean Hills, uma região com cerca de 20 anos, mas é já uma das mais fascinantes regiões vitivinícolas do mundo!

 

A minha ida a Israel não tinha propósito de wine trip, mas já que ali estava não podia deixar de ir conhecer os seus vinhos.

E há vinhos em Israel? Bom…. se pensarmos que Jesus nasceu nesta parte do mundo e que a última ceia foi brindada a vinho, já podemos imaginar quão antiga é a viticultura por estes lados! (O que nos faz pensar, que vinho estariam eles a beber nessa ceia?…. hmmm….  😉 )

Comecei a minha viagem em TelAviv e segui depois para Jerusalém. Aproveito para recomendar vivamente fazer um passeio gastronómico e explorar vários mercados de rua em ambas as cidades pois a comida por aqui é mesmo boa! Uma grande mistura de sabores do Líbano, Síria, Turquia, Jordânia e muitos outros.

Exactamente entre as duas cidades, e a poucos quilómetros do Mar Mediterrâneo, parei na região de Judean Hills, os Montes da Judeia.

Rodeados de uma paisagem robusta e um pouco selvagem, os vinhos aqui mostram elegância, personalidade e mineralidade proveniente do solo calcário e da densa e húmida vegetação da montanha.

À chegada à FLAM Winery, fui calorosamente recebida por Gilad Flam, um dos irmãos fundadores deste projecto. Este é um pequeno produtor da região que, juntamente com outros três projectos familiares, formam os Judean Hills Quartet.

Gilad é director de Vendas & Marketing da FLAM Winery que nos 10 minutos que tinha livre entre reuniões, disponibilizou-se para me contar um pouco sobre a história dos Montes da Judeia. A evolução dos seus vinhos e de como a famosa família Rothschild (sim, os mesmos Rothschild proprietários de vários Châteaux em Bordéus) teve um papel fundamental no desenvolvimento de Israel como uma referência na produção de vinho mundial. Desde o séc. XVIII que três gerações desta influente família judia investiram na agricultura do país, nomeadamente na vinha, à semelhança do que já vinham a fazer em França.

Tamar, responsável pelo enoturismo, foi quem nos acompanhou o resto da manhã. Muito sorridente e bem disposta, em vez de nos levar por uma clássica visita pela propriedade e adega, Tamar instalou-nos confortavelmente no pátio lá fora.

Cheia de flores e mesas estilo jardim Vitoriano, a varanda tinha vista para as vinhas onde os Flam plantaram as clássicas castas francesas: Cabernet Sauvignon, Merlot, Cabernet Franc, Petit Verdot, Sauvignon Blanc e Chardonnay.

E durante três horas eu, a minha amiga Filipa e a Tamar sentámo-nos a provar vinhos, queijos e a conversar sobre gastronomia e cultura portuguesa e israelita. Uma delicia!

Tamar tornou a prova muito descontraída e simples. Ao nosso ritmo provámos os 3 diferentes queijos com os vinhos FLAM Blanc, FLAM Rosé e FLAM Clássico (tinto).

FLAM Blanc – feito a partir de Sauvignon Blan e Chardonnay na mesma percentagem, é um vinho sem madeira em que o Chardonnay é colhido jovem e por isso se torna muito vegetal e cítrico. Apesar de ser um vinho fresco, é bastante estruturado e persistente na boca.

FLAM Rosé – a combinação do Cabernet Franc, Syrah e Merlot tornam este vinho muito floral no nariz e na boca suave, a lembrar pêssego, que mais uma vez se prolonga na boca com elegância.

FLAM Clássico – junta Merlot e Cabernet Sauvignon e o resultado é um vinho encorpado, com aromas de pimenta preta e sabores também acentuados de tabaco e especiarias. Um vinho que acompanha bem as comidas condimentadas de Israel

Apesar de não ser obrigatório em Israel, a FLAM Winery apostou na vinificação kosher. Para um vinho ser kosher, este deve ser manipulado exclusivamente por um representante do rabino, ou seja, um adegueiro autorizado a produzir vinhos kosher, em que o papel do enólogo é quase como de um maestro que dá as instruções até sair o vinho pretendido.

No final da prova, inesperadamente juntou-se à nossa mesa mais um Flam, desta vez o pai Israel. Ao contrário de muitos projectos familiares, na FLAM a ideia de começar a produzir vinhos foi dos irmãos Gilad e Golan. O pai, apenas depois de se reformar de 35 anos como enólogo na Carmel Winery também em Israel, é que integrou a equipa da FLAM Winery.

Israel Flam, tal com muitos judeus, andou pelo mundo. Nascido na Polónia, mudou-se depois para a Alemanha onde viveu grande parte da sua vida. Seguiu a sua formação académica na conceituada U.C. Davis Califórnia e trabalhou em Stellenbosch na África do Sul.

Agora no Médio Oriente, Israel Flam junta-se aos filhos para dar continuidade a este incrível projecto de vinhos que me deu um enorme gosto conhecer!


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