O Tejo vai bem mais além das portas de Lisboa. É também uma região produtora de vinho, conhecida pelo seu Fernão Pires.

O rio tem cerca de 1000 km de comprimento dos quais 275 atravessam Portugal. Longe de Lisboa, existe um Tejo menos conhecido mas não menos encantador!

Ao seu redor, numa paisagem plana e verdejante, encontramos diferentes zonas – Lezíria ou Campo (solo mais fértil), Bairro (solo argilo-calcário) e Charneca (solo arenoso e, por isso, mais pobre) – que têm em comum a produção de excelentes vinhos!

Estamos em Setembro e esta é a época do ano que se vive a vinha com mais entusiasmo!

E por isso, fui convidada para vindimar a casta branca Fernão Pires do Tejo, na Casa Cadaval em Muge. Uma casa com 400 anos de história na família, mas com uma tradição milenar em produção de vinho.

Os 43 hectares de vinha estão inseridos numa propriedade a perder de vista, onde as vinhas convivem com uma coudelaria de mais de 20 éguas Lusitanas.

O dia começou com um pequeno almoço na sala de barricas, porque um vindimador precisa de se alimentar bem para aguentar o árduo trabalho de campo!

No grupo a que me juntei o trabalho não foi assim tão duro mas suficiente para aprender a manusear uma tesoura de poda e conhecer a uva Fernão Pires do Tejo na sua origem.

©CVR Tejo, por Gonçalo Villaverde

Um tractor com bancos de palha trouxe-nos desde a vinha de volta à adega para pisar a Fernão Pires acabada de colher e sentirmos os seus bagos, grainhas e engaço a massajar-nos os pés!

E porquê o Fernão Pires? Porque é a casta branca mais plantada no nosso país e a mais expressiva na região vitivinícola do Tejo. É uma casta muito flexível na medida em que permite elaborar diversos estilos de vinho, desde monocasta ou “blend” até espumantes, vinhos colheita tardia ou licorosos.

Fernão Pires é uma casta muito aromática, frutada e de acidez média pelo que resulta bem “a solo” mas acima de tudo gosta de companhia. Aqui no Tejo, o Arinto é a combinação mais comum, pelo seu perfil mais fresco e com acidez firme.

Entre os vários restaurantes ribatejanos, a escolha para o almoço foi para o Escaroupim.

Fiquei rendida a este sítio, primeiro pela sua envolvente – mesmo à beira rio e rodeado de chorões – depois pela comida: Sopa de peixe, Magusto com bacalhau assado e buffet de sobremesas acompanhado de vários vinhos da região. Este foi o menu do dia que me deixou com vontade de lá voltar em breve!

E o que é que sabe mesmo bem depois de uma manhã de trabalho e um almoço tão rico? Um relaxante passeio de barco pelo Tejo! Mas não por aquele Tejo da ponte vermelha com vista para a Torre de Belém que vos falava, este é outro Tejo, mais calmo, mais verde, com mais fauna em redor e incrivelmente bonito 🙂

Embarquei na rota do Avieiros, embalada pelo ritmo lento do barco que nos levou desde Escaroupim até Valada debaixo de um sol morno e uma brisa de rio.

Conheci um outro lado do Tejo naquele dia. Adorei e recomendo-vos a fazer o mesmo!

©CVR Tejo, por Gonçalo Villaverde