Enoturismo em Lisboa: descubra o roteiro de uma região junto ao mar com uma enorme variedade de vinhos, paisagem e história!
Além de ser a cidade capital do país, Lisboa é também nome de uma região de vinhos em Portugal, durante muito anos chamada de Estremadura. Assim, tendo como ponto de partida esta cidade à beira do rio Tejo, pode seguir num roteiro de vinhos incrível e surpreendente!
Estendendo-se pela costa atlântica até cerca de 150 km para norte, esta região atravessa várias localidades produtoras de vinho de qualidade.
Lisboa tem uma rota de vinho muito especial: Colares, Bucelas e Carcavelos.
As vinhas de Colares são singulares por estarem plantadas em solo de areia junto ao mar, característica que se reflecte fortemente no sabor salino dos seus vinhos.
Carcavelos é a sub-região mais pequena do país com apenas 12 hectares de vinha plantada, originando um dos 4 vinhos generosos portugueses.
Bucelas é famosa pela sua casta Arinto, muito apreciada por grandes nomes da literatura como William Shakespeare e o escritor português Eça de Queiroz.
Mas além destas três sub-regiões, há muito mais para conhecer e explorar neste território de vinhos e vinhas.
Desde os bons vinhos brancos de Alenquer, à aguardente da Lourinhã e à ginjinha de Óbidos, vá parando pelos muitos restaurantes da região, onde o cozido à portuguesa ou o marisco fresco são especialidades a não perder.
Cidades a visitar: Lisboa, Sintra, Óbidos, Leiria
Vinhos
Principais castas brancas: Arinto e Fernão Pires
Principais castas tintas: Castelão, Tinta-Miúda
Por influência do oceano Atlântico e serra de Montejunto, os vinhos da região de Lisboa são conhecidos pela sua frescura, mineralidade e com muita fruta presente.
O Arinto é uma das castas mais emblemáticas com uma excelente acidez e potencial de envelhecimento. Já a Castelão pode ter várias formas, desde o tinto mais encorpado ao mais delicado, mas sempre muito aromático.
Roteiro de 3 dias na região de Lisboa
| 1º DIA |
Visita à fascinante região de Colares
Colares é Denominação de Origem Controlada desde 1908, é a DOC mais ocidental da Europa Continental – situada entre o oceano Atlântico e a serra de Sintra – e é a mais pequena região produtora de vinhos tranquilos do país.
Colares é especial por outras razões, uma delas é pela particularidade das suas vinhas: são plantadas em chão de areia e por isso resistiram à terrivel praga da filoxera em meados do séc. XIX
Para descobrir mais sobre as vinhas e os vinhos de Colares, fui visitar duas adegas na região: Adega Regional de Colares, a mais antiga adega cooperativa do país e a Viúva Gomes, uma adega familiar e e cheia de história.
Qualquer uma das adegas lhe irá transmitir a história, peculiaridade e riqueza dos vinhos de Colares.
Visita à refrescante região de Bucelas
A cerca de meia hora de carro da cidade de Lisboa, Bucelas é uma sub-região de vinhos muito especial. Considerada região demarcada desde 1911, esta tem como cartão de visita o Arinto e é a partir desta casta branca que são produzidos todos os seus vinhos D.O.C.
Para uma primeira introdução à região, sugiro uma visita guiada ao Museu do Vinho de Bucelas. Um museu que conta não só a história da região como a sua influência dos vinhos de Arinto na literatura. É um museu muito intercativo, divertido e onde se aprende muito sobre Bucelas.
Recomendo visitar as Caves Velhas, hoje pertencentes à Enoport. A marca Caves Velhas foi criado em 1939 por João Camilo Alves, uma referência na história do vinho de Bucelas. Dois anos depois a marca foi adquirida pela empresa hoje denominada Enoport. Neste espaço é possível fazer visita às caves antigas e prova de vinhos acompanhada de tábua de queijos.
Também gosto muito da Viúva Quintas, um projecto de mãe e filha e de um vinho apenas mas com uma garra e paixão que só duas mulheres conseguem ter.
| 2º DIA |
Visita e almoço na Quinta da Boa Esperança
Na Quinta da Boa Esperança, os visitantes são recebidos como em casa, sem pressas e de forma acolhedora. Todos os recantos estão muito bem cuidados e decorados. Já a piscina, tem a localização perfeita para um evento intimista ao pôr do sol que pode terminar com um jantar no alpendre da casa principal, sempre com um delicioso aroma de folha de figueira no ar.
As vinhas de sequeiro, estrategicamente plantadas num vale entre a Zibreira e Santa Cruz, beneficiam bastante do arejamento e vento fresco do Atlântico, o que facilita a prática de agricultura sustentável e mínima intervenção. Daqui resultam vinhos muito frescos, elegantes e cheios de sabor!
O vinho pode ser provado durante um picnic no meio da vinha nos dias de sol, ou por uma generosa tábua de queijos e enchidos na adega antiga frente à lareira quando o frio lá fora se faz sentir. Na quinta também estão disponíveis refeições caseiras preparadas pelo Chef da quinta que tem como especialidade a tarte de perdiz, feijoada à portuguesa ou pratos de bacalhau.
Visita à Quinta de Chocapalha
Um projecto familiar em que efectivamente todos os membros da família estão envolvidos: seja na gestão das vinhas, produção de vinho, gestão de enoturismo desde os avós às filhas e netos, todos contribuem para o sucesso da Quinta de Chocapalha.
Às portas da Aldeia Galega da Merceana, esta quinta é uma antiga casa rodeada de vinhas onde o Arinto é a casta mais acarinhada, não estivéssemos na região de Lisboa.
Nos dias de primavera e verão, sabe bem entrar na adega fresca, cheirar a madeira das barricas, dar um passeio pelas vinhas encosta acima e sentir o vento fresco que vem do Atlântico. Fazer a prova dos vários Arintos criados pela enóloga Sandra Tavares da Silva mas também tintos como um Castelão leve e elegante.
Nos dias frios e de chuva, também vale a pena ir à Chocapalha, onde a prova se faz dentro de casa, frente à lareira com uma tábua de queijos e compotas deliciosa!
| 3º DIA |
Visita e almoço na Quinta do Sanguinhal
Falar da Quinta do Sanguinhal é falar, inevitavelmente, de Abel Pereira da Fonseca. Abel foi um bem-sucedido comerciante de vinhos do séc. XX, proprietário das Quinta das Cerejeiras, Quinta do Sanguinhal e Quinta de São Francisco.
Na Quinta do Sanguinhal a visita começa no armazém de barricas onde hoje estagiam essencialmente as aguardentes e vinhos licorosos, em tonéis de carvalho português. Uma sala óptima para estar nos dias de grande calor pois tem temperatura e humidade controladas naturalmente.
Também a antiga destilaria é um lugar a espreitar, pois aqui se produziam as famosas aguardentes bagaceiras da Estremadura. Hoje, por estar já desactivada, a antiga destilaria tem sido aproveitada como um original cenário para reuniões e casamentos.
Nas vinhas ao cimo da quinta cresce moscatel graúdo, vital, verdelho, touriga nacional, aragonez, castelão entre outras castas estrangeira. Estas são refrescadas pelos ventos vindos da Serra de Montejunto o que ajuda a produzir vinhos com boa acidez, mineralidade e com excelente capacidade de envelhecimento.
A prova no final da visita é feita no antigo lagar. Esta sala é um lugar especial e único na Península Ibérica: aqui resistem cinco prensas de fuso e vara, originais de 1871, de dimensões impressionantes desenhadas pelo próprio Abel!
Ana Reis e a sua mãe, actuais gerações proprietárias da quinta, também preparam almoços caseiros a pedido.
Visita à Adega Cooperativa da Lourinhã
A Lourinhã é uma das três regiões a produzir aguardente DOC na Europa e é na Adega Cooperativa da Lourinhã que tudo acontece. Aqui fazem-se visitas organizadas organiza visitas guiadas para quem queira saber mais sobre este tesouro, mas sempre com marcação.
A visita começa na sala principal onde é feita a explicação da Lourinha como região DOC para aguardente vínica em Portugal.
Seguimos para as incríveis caves da Adega com barricas de todas as idades, passagem pelos antigos depósitos de vinho e ainda pela sala de rotulagem das garrafas, trabalho feito à mão e com muita dedicação.
No final da visita, não podia faltar a prova de aguardentes, feita na nova sala de provas logo à entrada da adega. As provas podem ser simples (só a aguardente) ou harmonizadas com diferentes tipos de chocolate ou mesmo doces regionais.
Outras sugestões:
HOTEL RIO DO PRADO, Óbidos
Esta é uma sugestão de dormida na região. Um hotel intimista, com uma decoração muito natural e integrada na paisagem da Lagoa de Óbidos.
O tema da sustentabilidade (mais presente na gastronomia) aliado à proposta de relaxamento através do seu Spa, faz do Rio do Prado um pequeno paraíso inserido na região vitivinícola de Lisboa.
Recomendo usar uma das bicicletas disponíveis no hotel para ir dar uma volta em torno da lagoa.
RESTAURANTE CHÃO DO PRADO, Bucelas
No meio das vinhas de Bucelas, vai encontrar um sitio bem simpático para fazer uma paragem para almoço. Se tivesse o mar em frente, era um restaurante de praia perfeito com direito a uma grande esplanada e estacionamento para muitos carros. Mas em vez de areia, tem vinha aos seus pés.
O menu é curto mas os pratos disponível atraem centenas de pessoas a Bucelas: Fatiota de Coelho, Bacalhau à Chão do Prado, Rosbife ou Caril de Camarão são algumas das iguarias.
Recomendo acompanhar tudo com um jarro de vinho da casa que será, incontornavelmente, um Arinto DOC Bucelas bem fresco!
VILA DO BOMBARRAL
Ao usufruir do Enoturismo Em Lisboa, existem muitas terras que merecem ser descobertas ao longo desta região vitivinicola. Uma das que mais me surpreendeu foi a vila do Bombarral.
Desde passeios de bicicleta pela vila, passagem pela antiga linha do comboio, prova de vinho nos diferentes produtores, ou mesmo um inesperado picnic no meio de um pomar de pêra rocha a beber sidra portuguesa, tudo pode acontecer no Bombarral!
Deixo aqui um guia do que pode fazer nesta vila