O Chile é um país com mais de 4000 km de comprimento e muito e bom vinho!

Quem visita as adegas e vinhas do Chile percebe o orgulho e o respeito que os chilenos têm pela sua casta rainha, a Carménère.

Entre as diferentes versões da história que ouvi, percebi que foi a partir do último quartel do século XIX,  altura em que a praga da filoxera invadiu a Europa, que algumas castas foram levadas para a América numa tentativa de serem salvas. Entre elas estava a Carménère, que acabou por revelar no clima quente do Chile as suas melhores características.

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O primeiro vinho que provei desta casta foi nas Casas del Bosque, em Casablanca, numa sala de provas que desperta todos os sentidos. Um espaço cheio de luz natural com vista para o jardim, com uma decoração baseada nos aromas e sabores que podemos encontrar no vinho.

Desde fotografias de pimentos e amoras, a frascos com paus de canela ou grãos de café, a sala inspira-nos a ir mais longe na nossa memória olfactiva e a descobrir as diferenças e características de cada vinho provado.

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Também em Casablanca, entrei por engano na Viña Emiliana, e ainda bem que o fiz! Esta vinha dedica-se inteiramente à produção de vinho orgânico e puro, através da agricultura biodinâmica.

Acreditando que a terra nos dá tudo sem ter de recorrer a químicos, foi criado um verdadeiro ecossistema em que galinhas, alpacas, abelhas, ervas aromáticas e, claro, os humanos, coexistem em perfeição, cada um com a sua função na quinta.

E o resultado é um vinho surpreendentemente bom!

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Dizem que o povo Mapuche (indígena do Chile) já produzia vinho há mais de 100 anos em ‘tinajas’, algo semelhante ao nosso vinho de talha.

Quem recuperou este processo de vinificação centenário foi a Viña De Martino, na Isla de Maipo, cujas tinajas foram compradas aos actuais Mapuche que hoje as utilizam como decoração, sem saberem que os seus antepassados as usavam para vinificar as uvas.

Assim, a De Martino defende a produção de um vinho verdadeiro, ‘sem maquilhagem’.

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Uma wine trip pelo Chile não estaria completa sem uma visita à grande Concha y Toro. Conhecida por deter a segunda maior área de vinha do mundo, é também uma das mais visitadas pela sua proximidade à cidade de Santiago. No interior da adega antiga, escura e húmida, ouvi a história do Casillero del Diablo.

Don Melchor, primeiro proprietário e produtor do vinho Concha y Toro, após sofrer um assalto à sua adega, fez correr o boato na região que havia um diabo que vigiava as barricas durante a noite. Desde esse dia nunca mais ninguém se atreveu a entrar na adega de Don Melchor sem permissão.

E o Diabo ainda por lá anda… e faz questão de aparecer aos visitantes!

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Esta visita acabou com uma prova de 7 vinhos Marques Casa Concha, harmonizados com queijos, tostas e compotas para encerrar da melhor maneira a minha viagem pelos vinhos do Chile.

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