Beira Interior: roteiro completo de enoturismo em quatro dias. Adegas a visitar, onde comer, onde dormir e que mais fazer nesta região de vinhos
A BEIRA INTERIOR
ÍNDICE
Quem tem contacto pela primeira vez com a Beira Interior, seja através dos vinhos ou em enoturismo, talvez não saiba que esta região tem mais de dois mil anos de história para contar!
Apesar de ser a Denominação de Origem Controlada mais jovem do país – desde 1999 – a tradição vitícola da região remonta à época romana, como alguns tesouros arqueológicos comprovam.
Mais concretamente no Fundão, muito próximo da via romana que ligava Emerita Augusta – a atual Mérida – à nossa Bracara Augusta (Braga) foram identificadas estruturas tecnológicas para a produção de vinho.
Além destes lagares e lagaretas romanos datados dos séc. V e VII, encontrou-se uma caixa feita de tijolo com milhares de grainhas carbonizadas e películas de uvas. O estudo destas grainhas, talvez nos diga mais sobre as castas atuais da Beira Interior e a sua relação com as videiras romanas!
Importante também o facto de muitos dos navegadores portugueses serem originais desta região e que, na era dos Descobrimentos, levavam consigo nas caravelas vinhos da Beira Interior que, pela sua estrutura e acidez, tinham capacidade para aguentar as longas viagens!
Foram relatos como estes que fui ouvindo ao longo dos quatro dias em que estive a explorar a região da Beira Interior.
É incrível como cada vez que lá passo, aprendo algo novo, provo vinhos diferentes e tenho conversas fascinantes!
AS 3 SUB-REGIÕES DA BEIRA INTERIOR
A Beira Interior DOC está dividida em três sub-regiões: Pinhel, Castelo Rodrigo e Cova da Beira.
A sub-região de Pinhel começa a norte da cidade da Guarda, com uma altitude média de 650 m.
Já a sub-região do Castelo Rodrigo, separada de Pinhel pelo rio Côa, é uma região de planalto, situada entre os 600 e 750 metros. Pinhel e Castelo Rodrigo têm um clima seco, com pouca chuva, mas muito frio e por isso aqui é frequente a queda de neve nas vinhas durante o inverno.
A Cova da Beira é a maior das três sub-regiões e aquela que está mais a sul. Está entre as serras da Estrela e Malcata, até rio Tejo e Castelo Branco. Aqui, o clima é diferente, mais moderado e não tão extremado até porque a altitude é menor.
Dentro destas 3 sub-regiões e utilizando as castas autorizadas, produz-se vinho DOC. Usando outras castas ou produzindo fora deste limite, o vinho caracteriza-se como Indicação Geográfica Terras da Beira.
AS CASTAS DA BEIRA INTERIOR
A Beira Interior tem cerca de 16.000 hectares de vinhas plantadas a altitudes entre os 350 metros e 750 metros. Isto faz com que também os solos sejam diferentes. Mais a norte da região, o solo é predominantemente composto por Xisto, enquanto mais a sul os solos são graníticos.
Sendo assim, as castas-bandeira da região são as brancas Síria e Fonte Cal e a tinta Rufete.
A Síria, é aquela que mais facilmente se associa à Beira Interior. Conhecida no Alentejo como Roupeiro, e Crato Branco no Algarve.
É uma variedade bastante aromática, acidez média e com grande frescura de boca e, por isso, utiliza-se muito em vinhos monovarietais.
Se a Síria é a casta branca mais plantada na região, a Fonte Cal, é aquela que quase não se vê fora da Beira Interior nem se conhece uma equivalente. Diria que é a mais exclusiva desta região!
Colhida a tempo, tem mais acidez que a Síria, mantendo sempre boa estrutura, suavidade e elegância nos vinhos que origina.
Além destas duas, ainda se encontra com frequência outras uvas brancas como Malvasia Fina ou Arinto.
Falando dos tintos, sem sombra de dúvida que a Rufete é rainha – também conhecida como Tinta Pinheira no Dão.
Há uns tempos era uma casta mal-amada por aqui, já que é uma uva com pouca cor mas, por outro lado, é muito produtiva por isso era considerada a uva dos pobres.
Actualmente, os enólogos já sabem como a trabalhar e com ela criar vinhos tintos delicados, com fruta muito elegante, aromas de floresta e taninos suaves. É também a casta ideal para produzir vinhos palhete ou clarete, que estão tão na moda agora e que resultam muito bem com o Rufete.
Mas o Rufete não está sozinho na Beira Interior pois nas vinhas velhas ou nas mais tradicionais, também se encontram plantadas a Marufo, Trincadeira e Tinta Roriz.
PRINCIPAIS CIDADES E CONCELHOS
A Beira Interior é uma extensa região vitícola limitada, a norte, pelo rio Douro, a sul pelo rio Tejo, a poente pela Serra da Estrela e a nascente a Sierra de Salamanca.
Cidades como Guarda, Pinhel, Penamacor, Figueira de Castelo Rodrigo, Castelo Branco valem a pena a visita não só pela riqueza histórica, mas também pela proximidade às Aldeias Históricas que por si só, já dão um valor imenso à Beira Interior.
Castelo Rodrigo, Marialva, Belmonte, Sortelha, Monsanto, são apenas alguns exemplos que podem visitar a poucos quilómetros de algum produtor de vinho.
ROTEIRO 4 DIAS PELA BEIRA INTERIOR
– DIA 1 –
- Visita ao Solar dos Vinhos Beira Interior
- Visita à cidade da Guarda
- Almoço no restaurante Nobre Vinhos e Tal
- Dormida nas Casas do Côro ou Casas do Juizo
– DIA 2 –
- Visita à Adega Castelo Rodrigo
- Almoço na Taverna da Matilde
- Visita à Quinta da Biaia
- Dormir na Quinta Rio Noémi
– DIA 3 –
- Visita à 2.5 Vinhos Belmonte ou Quinta dos Termos
- Almoço na Casa da Esquila
- Visita à Almeida Garret vinhos
- Dormida no Natura Glamping
– DIA 4 –
- Vista à Adega do Fundão
- Almoço no restaurante Encosta da Muralha
- Visita à Adega 23
ENOTURISMO NA BEIRA INTERIOR
SOLAR DA BEIRA INTERIOR
Qualquer visita à região deve começar pelo Solar da Beira Interior, na Guarda.
Além do edifício ser lindo, moderno, mas perfeitamente integrado na paisagem, aqui tem sempre alguém disponível para lhe dar mais informação sobre a região, não só as adegas da rota que valem a pena visitar, mas também restaurantes e outras atrações da zona.
No Solar também pode comprar vinho dos diferentes produtores aderentes, bem como outros produtos da gastronomia regional e ainda, por marcação, fazer uma prova de vinhos!
GUIA BEIRA INTERIOR GOURMET
Recomendo também consultar o Guia Beira Interior Gourmet, disponível em papel no Solar ou no site dos Vinhos da Beira Interior.
Este foi um desafio lançado pela comissão de vinhos em 2020 aos restaurantes da região, e consistia em apresentar uma harmonização de um prato do menu com um vinho da região.
Já em 2021, estenderam-se os limites geográficos do guia ao convidar restaurantes do Grande Porto, Lisboa e Vale do Tejo e Centro do país, a harmonizar um dos seus pratos com um vinho da Beira Interior.
Portanto fica a dica, de quando estiver a explorar a região, procurar o símbolo do Guia Beira Interior Gourmet à porta dos restaurantes e provar a harmonização que apresentaram para o concurso.
ADEGAS A VISITAR
ADEGA DE CASTELO RODRIGO, Figueira de Castelo Rodrigo
Não se deixe desanimar pela fachada mais industrial da Adega de Castelo Rodrigo. Esta adega foi recentemente remodelada e está perfeitamente preparada para oferecer uma óptima experiência de enoturismo.
Foi por volta do século XII que os monges de Cister habitaram o Convento de Santa Maria de Aguiar e com todo o seu conhecimento, iniciaram na região a cultura da vinha e a produção do vinho.
A Adega de Castelo Rodrigo, fundada em 1956, tem atualmente 300 associados e 1.100 hectares de vinha ao seu cuidado, sendo grande parte vinhas muito velhas. Dentro desta adega apenas entram castas nacionais e de preferência regionais como Síria e Malvasia Fina e no caso das uvas tintas o Marufo, o Rufete, a Touriga Nacional, a Touriga Franca e a Tinta Roriz.
Fiquei ainda a saber que o propósito inicial desta adega era produzir vinho rosé para a região do Vinho Verde – a Rufete e Mourisco eram perfeitas para esse efeito – e base de espumante para a Bairrada. Tão bom era o produto que daqui saía que rapidamente começou a ter produção própria, até hoje.
A nova loja e sala de provas é um espaço muito iluminado, revestido a madeira e muito confortável para prova os diferentes vinhos aqui produzidos.
Vinho que recomendo: fiquei bastante satisfeita com todos os vinhos, mas devo dizer que, pelo facto de não ser apreciadora de espumantes, foi mesmo o Castelo Rodrigo Espumante branco que mais gostei! Bolha bastante fina e elegante, feito com Malvasia Fina e Síria, muito aromático e saboroso.
QUINTA DA BIAIA, Figueira de Castelo Rodrigo
Biaia era o nome que carinhosamente se dava a Beatriz Sousa Lopes, proprietária desta quinta no séc. XVII.
Actualmente a quinta pertence a Carlos Flores, o orgulhoso herdeiro e anfitrião das visitas à Biaia. Apesar de ainda estarem a arrancar com o projecto de enoturismo, ideias e boa-vontade não faltam!
Atualmente estão plantados 18 hectares de vinha – algumas com cerca de 40 anos – em modo de produção biológico e apenas com castas autóctones.
Inicialmente as uvas aqui criadas tinham como destino a adega de Castelo Rodrigo até que, em 2014, Carlos decidiu começar a engarrafar com marca própria.
Começou por produzir umas modestas mil garrafas, hoje já multiplicou por 15 esse número, assinadas pelo enólogo Luis Leucádio.
Além de fazer uma caminhada pela vinha, Carlos organiza as provas de vinhos e queijo regional numa clareira bem no centro da quinta, rodeada de vinhas.
Seria o ponto perfeito para eu conhecer os vinhos se não estivesse a chover, como aconteceu naquele dia, por isso foi mesmo no armazém – futura loja de vinhos! – que fiz a minha prova harmonizada com um queijinho Serra da Estrela.
Vinho que recomendo: Branco reserva 100% Síria. Notas de camomila e limão, acidez equilibrada e final prolongado com alguma tosta do estágio em carvalho Francês e Húngaro.
2.5 VINHOS DE BELMONTE, Belmonte
Foram cinco amigos e sócios de duas freguesias diferentes – Belmonte e Caria – que se juntaram para produzir um vinho que bem representasse a região da Beira Interior.
E conseguiram fazê-lo com a ajuda do prestigiado enólogo Anselmo Mendes, utilizando as castas locais, plantadas em 60 hectares de solos graníticos, entre os 400 e os 700 metros de altitude.
Tal como a Quinta da Biaia, também a adega 2.5 Vinhos de Belmonte está a dar os primeiros passos na área do enoturismo, mas já têm o mais importante: vontade de receber, partilhar conhecimento e dar a conhecer os seus vinhos, numa sala bem iluminada e com vista para as vinhas.
Vinho que recomendo: Vinho de Altitude Alfrocheiro e Rufete – primeiros aromas bem fortes, fruta madura e a lembrar cabedal. Mas depois de uns momentos no copo, tudo muda e na boca revela-se frutado, elegante, macio e com um final persistente.
QUINTA DOS TERMOS, Belmonte
Como o nome anuncia, esta quinta está nos termos de dois concelhos: Castelo Branco e Guarda. E na família Carvalho, há 5 gerações.
Mas nesta quinta tradicional beirã já existiam vinhas há muitos anos, assim como cereal, batata e algumas árvores de fruto, tudo vendido a granel.
Em 1993, o herdeiro João Carvalho, decidiu mudar o rumo dos Termos e apostar na produção de vinha e vinho. Mas não sem antes fazer bastantes estudos sobre as castas autóctones da sub-região Cova da Beira e quais delas estariam mais adaptadas àquele terroir montanhoso, entre a Serra da Estrela e Gardunha.
A Quinta dos Termos tornou-se assim um palco de ensaios ampelográficos de forma a respeitar e preservar o território.
Por isso, ainda hoje, as gamas dos vinhos dos Termos privilegiam castas como Fonte Cal, Síria, Arinto, Rufete, Touriga Nacional, Alfrocheiro, entre outras.
Além da quinta em Belmonte, esta família tem vinhas em Oleiros onde recuperaram a casta branca Callum e produzem um excelente vinho monocasta, bastante perfumado e saboroso.
Nas visitas que já fiz à quinta já fui recebida por João, pela mulher Lurdes e mais recentemente, pelo filho Pedro Carvalho. Aqui não tem alojamento, mas organizam-se diversas actividades na quinta, todas relacionadas com o vinho e a vinha.
Vinho que recomendo: Quinta dos Termos Talhão da Serra Rufete. Não é fácil escolher da vasta gama de vinhos deste produtor por isso optei pela casta tinta mais típica. Aqui o Rufete revela-se muito elegante, com taninos equilibrados e notas de ginja, amoras e um pouco de eucalipto.
ALMEIDA GARRETT, Unhais da Serra
A Almeida Garrett Wines é uma referência na Beira Interior, sendo o produtor mais antigo da região, com uma área de vinha de cerca de 44 hectares.
Descendentes do escritor Almeida Garret, actualmente a quarta e quinta gerações da família produzem vinhos essencialmente a partir da casta Chardonnay, trazida pela família de França para Portugal.
Na verdade, com o Chardonnay produzem não só vinhos tranquilos como o espumante Exilado Grande Reserva, tão elegante e saboroso que, num concurso internacional de champanhes, foi confundido com um verdadeiro Champanhe!
A Quinta da Vargem, propriedade da família Almeida Garrett desde os anos 50, foi recentemente recuperada para enoturismo, onde têm as portas abertas para os visitantes.
Além de oferecerem estadia nos seus 7 quartos, uma piscina e court de ténis, organizam ainda actividades como provas de vinho e caminhadas pela mata.
Vinho que recomendo: Folhas Caídas Chardonnay Reserva. Neste caso o Chardonnay estagia 12 meses em carvalho francês que lhe enriquece os aromas, sem tornar o vinho pesado e enjoativo. Um branco que se bebe bem de Inverno como aperitivo e no Verão, servido fresco com polvo à lagareiro, por exemplo.
ADEGA DO FUNDÃO, Fundão
Tem como principal símbolo um Atlante Canéforo, uma estatueta encontrada numas vinhas do Fundão datada do sec. II d. C. com um cesto de uvas sobre a cabeça.
Este é mais uma das provas que a viticultura nesta região é muito antiga e que ainda hoje continua. A Adega do Fundão é um pouco mais recente que isso – fundada em 1949 – mas pretende preservar e contar a história dos seus antepassados.
Actualmente tem 400 associados e gerem 300 hectares de vinha, apostando nas castas da região como Síria, Arinto, Malvasia Fina, Fonte Cal, Rufete, Jaen, Marufo e Tinta Roriz.
Os enólogos Fátima e Ricardo, juntamente com os viticultores associados, estão a fazer um minucioso e importante trabalho de selecção de parcelas de acordo com exposição solar, solo, idade das vinhas, rega, etc. para igualmente conseguir definir diferentes estilos e gamas de vinhos.
Recentemente a imagem dos vinhos da Adega do Fundão passou por uma renovação, apresentando agora rótulos mais modernos e elegantes.
Tal como os seus vinhos! Todos eles reflectem bem o carácter das castas e do terroir, com muita qualidade.
Vinho que recomendo: Private Selection branco feito a partir de Vinhas Velhas de Arinto e Síria. Tem um ano de estágio em carvalho francês e húngaro. Tem o aroma da Síria e a acidez do Arinto com bom volume de boca, dada pela barrica. Um vinho guloso e gastronómico que aguenta perfeitamente umas costeletas de borrego, por exemplo!
ADEGA 23, Castelo Branco
Quando uma médica-oftalmologista descobre a paixão pelo vinho, nasce uma adega.
Inicialmente Manuela Carmona tinha intenção de plantar apenas um hectare e fazer algo pequeno, mas rapidamente o projecto se transformou numa adega com todo o equipamento e tecnologia de ponta, com sala de barricas, loja e diversos espaços de prova, rodeada de 12 hectares de vinha.
Atravessada pela estrada A23 – que acabou por inspirar o nome da adega – a vinha foi plantada em 2015 e aqui encontram-se as castas Arinto, Viognier, Verdelho, Rufete, Alicante-Bouschet, Syrah e Tinta Roriz.
Talvez por ser um dos projectos mais recentes da Beira Interior é também o mais moderno no que toca ao design e arquitectura da adega, cheia de luz, cor e muitos espaços agradáveis para se parar a provar vinho e observar as vinhas.
Vinho que recomendo: Adega23 Rosé, feito com Rufete e Aragonez. Este vinho é fresco, divertido, cheio de frutos vermelhos, mas nem por isso é menos sério! Tem corpo e final longo, que acompanha bem pratos de peixe e marisco, mas também um bom queijo Serra da Estrela.
VINHOS A DESCOBRIR
CASAS ALTAS, Pinhel
Eram as Casas mais Altas da aldeia de Souropires, daí o nome. O projecto começou no início dos anos 90, fruto de muita paixão à terra.
Entre as castas regionais e nacionais, como Rufete e Touriga Nacional, produzem também um Riesling e Chardonnay de grande qualidade, usando o mínimo de madeira e privilegiando o perfil frutado de cada casta. Sem dúvida que o Rufete é o meu favorito, mas desafio a provar todos e escolher o seu preferido.
SERRA P, Penamacor
Mais um pequeno projecto que nasce de uma paixão ao vinho e em memória ao pai de António. Serra P faz assim lembrar o Pai, a terra de origem Penamacor e a Serra Pedreira que envolve as vinhas.
Actualmente só tem uma referência no mercado, feita com Touriga Nacional, Rufete e Syrah. Um vinho de cor rubi escuro, muita fruta preta madura, algum cacau e final bastante prolongado que casa na perfeição com uma tábua de farinheira e morcela assada!
QUINTA DOS CURRAIS, Fundão
A Quinta dos Currais, no Fundão, tem dos vinhos mais premiados da Beira Interior.
Principalmente os brancos feitos a partir da Síria, que apresentam uma excelente estrutura de boca, madeira bem equilibrada, vinhos gulosos e gastronómicos.
É verdade que gostei muito de provar o Colheita Selecionada branco, mas foi o tinto Talabara que acompanhou um belo prato de Maranhos de Oleiros ao almoço!
ONDE DORMIR NA BEIRA INTERIOR
CASAS DO JUIZO, Pinhel
Situadas na região vitivinícola da Beira Interior – mas já com vista para a região do Douro – estão as Casas do Juizo dentro da Aldeia do Juizo, uma aldeia granítica, onde os romanos deixaram a sua pegada
Isabel e José, os proprietários, recuperaram grande parte das casas que estavam aos poucos a ficar desabitadas, decorando-as de forma diferente e única. O que têm em comum é o ambiente acolhedor e familiar, integradas dentro da aldeia, com uma varanda ou pátio exterior onde é servido o pequeno-almoço num cestinho de verga bem recheado de comida!
Pode-se claro ficar no dolce fare niente todo o dia – aconselho a piscina para esse efeito! – mas o turismo rural Casas do Juízo oferece actividades dentro e fora da aldeia, para ocupar o seu tempo.
Podem ler mais sobre as Casas do Juizo AQUI
CASAS DO CÔRO, Marialva
Dentro de paredes graníticas da Aldeia Histórica de Marialva encontram-se as Casa do Côro, onde se afirma com orgulho “Life is Here!”
Situado bem no topo da aldeia, este boutique hotel abriu em 2001 pela mão de Paulo e Carmen. O casal fez deste lugar a sua casa e a de muitos viajantes curiosos que, explorando o interior do país, chegam até aqui!
As Casas do Côro é o que se pode chamar um projecto de enoturismo “ao contrário”. Começou por ser um hotel rural a partir de recuperação de pequenas casinhas da aldeia, e com o tempo, acrescentaram também a produção de vinho.
Carmen e Paulo, adquiriram e reabilitaram algumas vinhas velhas e, desde que a primeira colheita, já contaram com a ajuda de conceituados enólogos como Rui Roboredo Madeira e Dirk Niepoort.
O resultado foram diversos vinhos produzidos com as castas típicas de região, beneficiando das condições únicas e privilegiadas das vinhas de altitude – aqui plantadas a 600m de altitude.
As Casas do Côro têm 31 quartos, todos diferentes, mas todos com uma decoração muito caseira e acolhedora sempre com excelente vista para a aldeia de Marialva.
QUINTA DO RIO NOÉMI, Guarda
Um projecto familiar com apenas um ano, nascido ao lado do Rio Noémi, e já com tanto para contar!
Fui recebida pelo pai Joaquim e o filho João que me contaram histórias da região, de como querem colocar a Guarda no mapa do turismo em Portugal e de como acreditam no futuro e na qualidade de vida no interior.
São 6 quartos e um apartamento, todos decorados de forma muito elegante e acolhedora, privilegiando os materiais regionais, como as mantas de Burel.
Lá fora, um pátio de granito para o convívio e uma piscina para os dias de calor, completam este turismo rural.
Aconselho a ir com tempo, para disfrutar do sossego da quinta, mas acima de tudo para conhecer esta família tão simpática e que o vai fazer sentir-se em casa!
NATURA GLAMPING, Fundão
São espaços como este que o interior precisa. E por “este” refiro-me a inovação, diferenciação, grande qualidade e originalidade!
O Natura Glamping literalmente dá mais oxigénio à Beira Interior, já que se situa a 925 metros de altura em plena Serra da Gardunha, com vista para a Serra da Estrela.
Glamping significa glamour + camping, e o Natura é composto por 7 Domos (quartos independentes em forma de iglo) com todo o conforto necessário.
Eu fiquei no Domo Natureza, feito de madeira e revestido a cortiça, bem quentinho lá dentro e com um jacuzzi privado. A vista ao acordar não podia ser melhor!
Tem ainda piscina exterior, bar, sala de refeições, loja de produtos regionais e um staff muito simpático e profissional.
ONDE COMER NA BEIRA INTERIOR
NOBRE, Guarda
Bem no centro de Guarda encontrei uma das melhores garrafeiras que já vi em restaurantes. Pedro Nobre é um orgulhoso embaixador dos produtos da região, não só na comida como nos vinhos.
A sua carta de vinhos tem cerca de 400 referências de todo o país, mas, claro, com destaque à Beira Interior!
Pratos que recomendo: Posta laminada com legumes e arroz de feijão + sobremesa bolo fofo de côco
TABERNA DO JUIZ, Pinhel
Está integrado nas Casas do Juizo, mas aberto ao público geral, e totalmente gerido pelo jovem casal Daniela e André que cozinham e servem refeições caseiras diariamente.
A decoração é rustica e de granito, tal como toda a Aldeia do Juizo e a comida também é bastante regional, sempre acompanhada por uma boa seleção de vinhos da Beira Interior.
Pratos que recomendo: Feijão com chouriço + sobremesa de bolo com requeijão
TAVERNA DA MATILDE, Figueira de Castelo Rodrigo
A culinária sempre esteve presente na vida de Matilde que hoje dá nome à Taverna mais famosa de Figueira de Castelo Rodrigo.
Tem diversas salas, bem espaçosas, onde também se podem realizar eventos privados, mas é na cave que Matilde serve os jantares à carta. Ao almoço o restaurante fecha, mas como alternativa tem no andar de cima o Arco-Iris, da mesma gerência.
Quanto aos vinhos, não só a carta é bastante completa, como o serviço de vinho é muito bem feito e cuidado.
Pratos que recomendo: Borrego com azeite e alecrim + sobremesa Tarte de Gravanços
CASA DA ESQUILA, Sabugal
Em Casteleiro, no Sabugal, está a Casa da Esquila. Este restaurante também tem dois espaços diferentes, um para almoço com buffet e outro ao jantar para as refeições mais gourmet.
Aqui o Chef Rui Cerveira dá asas à sua criatividade sempre inspirado nos produtos e receitas regionais, praticando um conceito por ele criado: o gourmet rural.
Pratos de recomendo: Bacalhau confitado e sobremesa Terra de Casteleiro
ENCOSTA DA MURALHA, Castelo Branco
Tenho uma costela beirã e passei todas as férias da minha infância perto da Sertã, onde comia maranhos todos os dias de Verão. Por isso mal vi no menu do Encosta da Muralha “Maranhos” não resisti.
Aqui os maranhos são servidos à moda de Oleiros, com legumes salteados em vez de batata frita, mas de resto, é igualmente delicioso.
Prato que recomendo: Maranhos de Oleiros
O QUE FAZER NA BEIRA INTERIOR
Bom… além de comer e beber há mais coisas para fazer pela região.
Tal como comecei por dizer, qualquer wine trip à região da Beira Interior deve começar com uma visita o Solar da Beira Interior, na Guarda.
E já que lá está, não deixe de dar um passeio a pé pelas ruas da cidade, entre na Sé para conhecer os detalhes do seu interior e não se esqueça ainda de subir ao elevador da Torre dos Ferreiros com vista panorâmica 360º para a Guarda.
Em Pinhel, fui levada de surpresa a um sítio incrível! Não é fácil de lá chegar, mas vale a pena os quilómetros de carro mais uns quantos metros a pé para ver o Miradouro da Faia.
Recentemente foi construída uma plataforma panorâmica onde se pode ver todo o Vale do Rio Côa assim como a sua flora e principalmente fauna! Aconselho a sentar-se uns momentos em silêncio e simplesmente absorver o que aquele lugar tem para dar.
Por fim, não esquecer de visitar o máximo de Aldeias Históricas! Neste trajecto que eu fiz recomendo visitar qualquer uma das aldeias, mas as que melhor conheço são Castelo Rodrigo, Belmonte, Marialva, Sortelha e Monsanto