Nas férias deste ano escolhi explorar o enoturismo do Alto Alentejo: Crato, Alter do Chão e Avis
Este ano escolhi fazer férias no Alto Alentejo e apoiar o turismo interno.
A pandemia afectou muito o turismo em todo o mundo e impediu-nos de voar além-fronteiras. Pareceu-me uma excelente oportunidade de conhecer melhor o interior de Portugal, em alternativa à confusão das praias.
Desta forma, quero contribuir para enaltecer Portugal enquanto destino de excelência e contribuir para a desejada recuperação do turismo nacional este ano.
Assim, sempre com o enoturismo em mente, tirei uns dias de férias e fui conhecer um pouco mais do Alto Alentejo: Crato, Alter do Chão e Avis

CRATO
Foi no Crato que passei a primeira noite, mais concretamente na Herdade da Rocha.
Este lugar que começou por ser um refúgio no campo de uma família do Porto, acabou por abrir as suas portas a visitantes e é hoje também o Olive Residence and Suites.
A herdade combina muito bem a hospitalidade e simpatia nortenha com o calor alentejano e com sabores de São Tomé – país de origem do Chef José Luis.


Em torno do boutique lodge existem 62 hectares de terra que explorei de bicicleta. Por aí vi as vinhas e a adega, o olival, centenas de afloramentos de granito, passadiços de madeira, veados e muflões e acabei a descansar à sombra do Cantinho da paz.


Os vinhos da Herdade da Rocha retratam bem o Alentejo: vinhos estruturados, muito aromáticos e cheios de sabor. Foi, no entanto, o Rosé bem fresco que escolhi para beber à beira da piscina debaixo de um calor abrasador!
Um vinho feito inteiramente de Touriga Nacional com aromas de pimenta rosa e na boca frutado com certo amargo a lembrar toranja ou goiaba fresca.
ALTER DO CHÃO

No dia seguinte, fui um pouco mais para sul e fiz uma paragem em Alter do Chão.
Conhecida terra de grande história, de cavalos e da Coudelaria mais antiga do país e também a terra do Açafrão-Bastardo (igualmente chamado açafroa). A açafroa é mais parecida com o cardo, mais comum e por isso também muito mais barata do que o açafrão que conhecemos, no entanto o sabor e a cor que dão à comida é bastante semelhante.
A plantação desta especiaria ali em Alter-do Chão remonta ao séc. XVI, na altura vinda da Índia. Eu não fazia ideia mas a açafroa tem sem dúvida um papel muito importante nesta cidade e é um produto de que os locais muito se orgulham.

Muita gente planta açafroa nos seus quintais e cuida dela até à colheita. Pela altura da Páscoa, realiza-se a Semana Gastronómica do Açafrão em que o arroz amarelo com ensopado de borrego é o prato-rei, mas o bolo de açafrão e o licor do mesmo também fazem boa figura! (pronto, vou ter que lá voltar na próxima Páscoa…)
AVIS
O último dia foi passado em Avis. Aqui, muita gente me recomendou almoçar na Tasca do Montinho. Segui o conselho e não me arrependi.
É mesmo daqueles restaurantes que se espera encontrar no meio do Alentejo: chão e paredes de pedra, decoração rústica, gente simpática e um menu que nos deixa logo com água na boca!
Apesar do tórrido calor nesse dia, o prato escolhido foram mesmo uns deliciosos lagartos de porco preto acompanhados de migas de tomate.
O vinho Abreu Callado tinto Reserva 2017 (servido frio claro!) não só regou a carne como fez uma excelente harmonização com a sericaia com ameixa de Elvas que comi à sobremesa. Um almocinho leve, portanto…!

E o que é que apetece fazer numa tarde quente do Alentejo depois um almoço destes? Isso mesmo! Andar de barco na Barragem do Maranhão.
A Além Tejo é uma empresa muito amiga do ambiente já que o seu barco é movido a energia solar. Não só é silencioso como anda a um bom ritmo que permite aproveitar a paisagem em torno da barragem.
O passeio durou cerca de uma hora com direito a paragem para um mergulho claro. E que bem que me soube aquelas braçadas no Maranhão a ver o castelo de Avis lá em cima!

Inês e Ricardo são as caras da Além Tejo, ambos de Lisboa mudaram-me para Avis para começar uma nova vida e dedicam-se inteiramente às actividades na barragem.
Além do barco, a Além Tejo tem também uma prancha de stand up padle gigante que dá para ter grupos de amigos e famílias em cima da prancha!

São viagens como esta que me fazem ter ainda mais orgulho no meu país. Tanto para conhecer ainda aqui! Espero ter-vos inspirado a fazer o mesmo.