A quinta onde nasce o vinho “Dona Dorinda” é um pequeno tesouro à entrada de Évora

 

Quando penso no nome “Dona Dorinda” vem-­me à ideia uma velhinha alentejana com o seu lenço na cabeça, sentada numa sombra para fugir ao calor. Mas, neste caso, Dorinda é uma mulher norte-­americana, casada com um holandês, e os dois são os actuais proprietários da Quinta de Nossa Senhora da Conceição.

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Depois de uns anos a visitar Portugal em férias, o casal descobriu esta quinta mesmo às portas de Évora. Compraram-­na e fizeram dela a sua segunda casa. Datado de 1932, o edifício foi todo recuperado, mantendo a traça típica da região, onde o branco e amarelo das paredes combinam bem com todo o verde que a rodeia.

Os 3,7 hectares de vinha são totalmente biológicos e minuciosamente cuidados de modo a garantir que se cumpram todas as regras, para que o Dona Dorinda seja 100% orgânico. Estas vinhas enchem os olhos de quem as visita ­ um autêntico jardim de castas inspirador e muito cativante!

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Vitor é o responsável por toda a quinta e um verdadeiro “one man show”. Ele cuida da casa, da vinha, do pomar, do enoturismo, enologia, promoção e comercialização do vinho, sempre com muita dedicação e empenho. Foi na sua companhia que dei a volta à propriedade, num dia perfeito de Primavera, morno e cheio de sol, com as flores da laranjeira a perfumar o ar, entre limoeiros, romãzeiras e outras árvores de fruto.

Nesta quinta nasce o vinho tinto Dona Dorinda que, mantendo o seu lado rústico e tradicional alentejano, é um vinho elegante, ambicioso e viajado! É “filho único” desta marca, feito maioritariamente a partir da casta Syrah (mas também um pouco da casta branca Viognier), e vendido nos Estados Unidos, Holanda e também em algumas garrafeiras e restaurantes em Portugal.

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Provei este curioso néctar frente à antiga capela da quinta, hoje transformada em loja de vinhos, sentada num banco de pedra, ao sol. O primeiro aroma foi bem frutado, mas na boca o sabor foi mais suave. Continuei a conversa e, passados uns minutos, voltei a beber e já nem parecia o mesmo vinho! Este Dona Dorinda é daqueles vinhos que evolui no copo, que surpreende a cada golo, mostrando que os vinhos orgânicos já não são vinhos de baixa qualidade, como antes se pensava.

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São pouco mais de 3ha que produzem um apenas vinho, que quase não se vende em Portugal, é verdade, mas garanto que “só” isso já vale muito a pena a viagem. Posso dizer que a casa do vinho Dona Dorinda é das quintas mais encantadoras que visitei ultimamente no Alentejo!