Planear um roteiro vínico: como aproveitar a sua viagem de vinhos da melhor maneira em apenas 8 passos
Planear uma viagem nem sempre é simples e no enoturismo há ainda mais detalhes a ter em conta! Por isso, neste artigo partilho consigo como é que eu faço para planear uma viagem vínica em 8 passos, e assim, aproveitar ao máximo as minhas experiências de enoturismo 😊
1º PASSO:
DEFINIR QUANTOS DIAS E A ALTURA DO ANO
Parece óbvio e de facto isto acontece com qualquer viagem que queiramos fazer para qualquer destino do mundo. Mas em enoturismo, a altura do ano é ainda mais importante pois a vinha tem fases de desenvolvimento e cada fase têm um encanto diferente.
Desengane-se quem acha que enoturismo só acontece no Verão e na altura das vindimas! Todo o ano se pode fazer enoturismo, e eu até dou algumas sugestões de enoturismo no Inverno neste artigo.
Saber quantos dias tem disponíveis para viajar é também importante para seleccionar a região a explorar, como lhe falo no passo seguinte.
2º PASSO:
DEFINIR A REGIÃO… OU REGIÕES
Como mencionei no primeiro passo, saber quantos dias pode dedicar a este passeio é fundamental para a escolha da região. Naturalmente existem regiões mais extensas, com mais enoturismos a funcionar e com diferentes acessos entre adegas. Depende também do seu grau de interesse na cultura do vinho e quantos produtores pretende visitar por dia.
Por exemplo, juntar no mesmo roteiro a parte sul dos Vinhos Verdes e o Baixo Corgo no Douro, faz sentido, ou mesmo visitar o Dão e a Beira Interior também. Já o Alentejo vale a pena dedicar uma viagem só a esta região que é tão grande e com tanto para ver.
Eu gosto de fazer uma lista das adegas que quero visitar e literalmente desenho o roteiro no google maps. Tento que as distâncias não sejam muito maiores que 40 minutos para que não seja demasiado cansativo conduzir, principalmente depois de uma boa almoçarada que me dá sempre vontade de uma sesta!
3º PASSO:
SOZINHO? ACOMPANHADO? E CRIANÇAS?
Eu na verdade fiz grande parte das minhas viagens vínicas – em Portugal e no mundo – sozinha e adoro! Recomendo a quem quer muito fazer enoturismo mas não tem companhia, que vá na mesma e não perca a oportunidade.
Se vai acompanhado, é importante encontrar um programa que agrade a todos. Alguém no grupo não gosta de vinho? Não tem problema, com certeza vai adorar fazer um passeio de bicicleta nas vinhas, um safari na serra, participar na pisa a pé, sem ter que beber uma pinga de vinho.
E crianças? São bem-vindas em muitas adegas que já criaram actividades para os mais novos se entreterem, enquanto os pais provam vinho.
Basta fazer um pouco de pesquisa antes e perceber que actividades cada adega tem para oferecer e que se adapte a todos os diferentes públicos e gostos.
4º PASSO:
DEFINIR BUDGET
Isto é obviamente um ponto importante para muita gente!
Quando eu comecei este blog tinha 30 anos, mas já fazia enoturismo muito antes disso – portanto uma das ideias que eu queria transmitir era que o enoturismo é acessível a toda a gente.
Pode ser visto como um turismo elitista porque roda em torno de um produto ainda visto como luxo. Assim como um turismo rural, inserido dentro de uma quinta ou herdade, pratica geralmente de preços um pouco mais “exigentes” . Então como é que eu faço para não gastar enormidades de dinheiro?
Antes de mais, é uma opção! Há quem vá para a praia nas Maldivas ou faça compras em Nova Iorque, eu viajo para regiões de vinho. Depois, vario as experiências.
Se um dia durmo num alojamento de quinta, no outro durmo num pequena estalagem da aldeia, se um dia almoço num bom restaurante, no outro páro a comer uma sandwiche debaixo de uma árvore a ver as vinhas!
5º PASSO:
LER SOBRE A REGIÃO
É importante recolher informação sobre a região a visitar. Saber se tem algum vinho ou tipo de vinho icónico que se deve conhecer. Se é uma região produtora de vinhos licorosos, ou espumantes ou tem algum vinho histórico e único no mundo, se tem adegas design ou vinhas reconhecidas como Património da Humanidade.
Informe-se como se fosse outra qualquer viagem, para que não perca nada importante!
(Ou pode até espreitar um certo blog de enoturismo e seguir o seu Instagram para saber sempre os melhores sítios a visitar 😉 )
6º PASSO:
VARIAR A EXPERIÊNCIA
Já falei anteriormente de uma das vantagens de variar as experiências em cada passeio: gerir o budget.
Outro ponto positivo é enriquecerem o seu roteiro de enoturismo. Não concentre as suas actividades todas dentro da mesma adega. Recomendo, por exemplo, dormir numa herdade e acordar no meio das vinhas mas ir almoçar num restaurante regional na vila mais próxima.
Descobrir que monumentos existem por ali, paisagens únicas da região e porque não, procurar uma outra adega nas redondezas que também receba visitantes e ficar a conhecer outra marca de vinhos.
Eu adoro isso! Se estou numa região em que existe um monumento, uma catedral, um museu que tenho mesmo de visitar, então faço essa paragem com todo o gosto.
7º PASSO:
MARCAR TODAS AS VISITAS E PROVAS
Nem todas as adegas têm uma estrutura grande o suficiente que esteja disponível para nos abrir as portas e realizar visitas a qualquer hora e qualquer dia. E mesmo que sejam adegas maiores, podem já ter eventos marcados e não nos podem receber em determinado momento.
Para que as suas viagens não sejam em vão, é importante ligar antes, confirmar horários de visita, saber que tipo de visita oferecem e quanto tempo prevêm que a visita e prova demoram.
Assim certamente será recebido com toda a dedicação, disponibilidade e a sua experiência será muito mais bem aproveitada! Portanto lembre-se: marcar sempre as suas visitas.
(NOTA: Não quero com isto dizer que, se durante o seu passeio se deparar com uma adega que não estava prevista, não deixe de bater à porta! Estou certa que a maioria dos produtores têm o maior prazer em o receber, mesmo sem marcação)
8º PASSO:
PREPARAR A MALA…
…para trazer todas garrafas de vinho que vai comprar vinho directamente na adega!
Porque é que eu sei que isso vai acontecer? Porque o vinho é uma bebida emocional, que nos traz recordações, quer do espaço que visitámos, quer das pessoas que conhecemos, quer da ocasião em que foi consumida.
E eu sei – por experiência própria – que na sua viagem, vai haver pelo menos o silêncio de um terraço, um pôr do sol morno, uma vista incrível sobre a vinha e um vinho delicioso que vai querer recordar quando voltar a casa, em forma de garrafa. 😊