Na Casa Ermelinda Freitas, situada na Península de Setúbal, quem faz história são as mulheres!
Desde 1920 que a história desta casa se conta no feminino, mas foi Ermelinda Freitas que lhe deu o nome por que hoje é conhecida em todo o mundo.
Começou por produzir apenas vinho a granel, fornecendo muitas outras adegas da Península de Setúbal, até que chegou um ano em que um dos seus melhores clientes, por ter produção suficiente, não precisou de comprar o vinho a Ermelinda.
Esta, ao ver-se com tantos litros de vinho por vender, encontrou o mote perfeito para começar a sua própria marca no anos noventa – Casa Ermelinda Freitas.
Hoje é a filha Leonor, juntamente com a neta Joana, que gerem umas das maiores casas produtoras de vinho do país. Somando diversos prémios nacionais e internacionais, o nome Ermelinda Freitas é sem dúvida uma referência no vinho em Portugal.
A actual adega foi construída no final de 2015 e tem hoje as portas abertas ao enoturismo, dando a conhecer parte dos 450 hectares de vinha, a adega de produção, a adega de barricas – cuja iluminação muda de cor, (mas no dia em que a visitei, com um grupo de mulheres, era o cor-de-rosa que pintava as barricas de madeira!) – e um pequeno museu da cortiça.
Pois é: não sendo a Península de Setúbal uma região de sobreiros, a Casa Ermelinda Freitas achou interessante prestar homenagem a este produto tão importante para o nosso país e tão directamente ligado ao vinho, dedicando-lhe uma sala dentro da adega.
Neste museu vi a cortiça de uma forma que nunca tinha visto antes, desde a árvore plantada à entrada da adega, com o interior do tronco exposto numa redoma, até às rolhas perfeitamente recortadas de cada camada de cortiça.
É muito giro ver todo o processo por que as rolhas passam até chegar às nossas mesas, selando garrafas de vinho!
Depois de uma visita guiada pelas vinhas e adega, subi à sala de provas – onde também se organizam eventos – e era isto que me esperava:
Acho que não são precisas muitas palavras…… apenas acrescento que aquele queijinho de Azeitão casou perfeitamente com o Dona Ermelinda Freitas branco. Um vinho de entrada de gama mas que nada tem de simples! A combinação de 4 castas e o curto estágio em madeira atribuíram ao vinho o sabor a frutas tropicais e alperce que se prolongaram na boca, acompanhando o delicioso queijo amanteigado.
Já nos tintos, não podia deixar de destacar o Leo d’Honor. Este ex-libris da casa tem, acima de tudo, uma grande história por trás.
Leonor Freitas, com o sonho de homenagear o navegador Fernando Pó – que dá nome à sua terra Natal – decidiu criar um vinho de elevada qualidade, apenas produzido em anos excepcionais. Inspirada no leão gravado nas armas empunhadas pelo navegador, Leonor baptizou o vinho de “Leão de Honra” que veio a transformar-se em “Leo d’Honor”, homenageando simultaneamente a sua criadora.
O Castelão tem neste vinho a sua máxima expressão: cor intensa, compota de amora a sentir-se no nariz e, na boca, as especiarias e o chocolate a revelar-se.
Não é um vinho qualquer, é um vinho encorpado que ali provei juntamente com chouriço no pão, mas que irá com certeza ser boa companhia para um bom cozinho à portuguesa, por exemplo!
E pronto, já não precisei de mais nada, fiquei ali sentada de copo de vinho e queijo na mão a ver o sol descer sobre as vinhas da Casa Ermelinda Freitas! Convido-vos a fazer o mesmo em breve 😊