O Aliança Underground Museum situa-se em Sangalhos, muito perto de Aveiro, e estende-se ao longo das caves da Aliança Vinhos de Portugal – uma das adegas do grupo Bacalhôa.

Além desta adega-museu na Bairrada, o grupo tem também a Quinta da Bacalhôa na Península de Setúbal – que já vos dei a conhecer aqui – a Quinta dos Loridos no Bombarral – famosa pelos seus jardins com Budas gigantes – e a Quinta do Carmo no Alentejo.

Todas as adegas se inspiram no mesmo lema: “Arte, Vinho e Paixão”!

Mas voltando à Bairrada, as antigas caves pertenceram à Adega Cooperativa de Sangalhos, em actividade desde 1927. Em 2007 foram adquiridas pelo grupo Bacalhôa, que as transformou mais tarde neste museu.

E como é que vos vou explicar…?… Então, imaginem entrar no metro de Londres, com o mesmo logotipo do underground londrino, mas em vez de passarmos por Picadilly Circus ou Hyde Park, por aqui a viagem é feita à volta do mundo através de peças de arte.

Passamos por vários países africanos e conhecemos antigas estátuas e artefactos tradicionais; pela América do Sul de onde foram trazidas magnificas pedras preciosas; viajamos depois ao passado – cerca de 20 milhões de anos – e vemos de perto impressionantes fósseis para logo regressarmos ao séc. XX, em Portugal, e conhecemos um pouco mais do trabalho do criativo e incomparável Rafael Bordalo Pinheiro.

Ao longo desta viagem, fiz três paragens para degustação.

A primeira teve lugar numa sala revestida por pedras e luzes cor de rosa onde provei o espumante Rosé, claro! Servido juntamente com amêndoas torradas com sal, este espumante produzido a partir da casta Baga, tinha um guloso sabor de frutas vermelhas, com bolha fina e muito leve.

Mais à frente, na elegante sala de barricas, fiz uma segunda paragem para provar um surpreendente Baga 2011 – cheio de vida e personalidade! Um vinho com 6 anos que ainda tem muito para dar. No primeiro gole encheu-me a boca de ameixa preta e alcaçuz (um doce que detestava em criança mas agora em forma de vinho adoro!!).

Deixei ficar mais um pouco no copo e outros aromas quentes e envolventes se revelaram e persistiram até chegar à próxima e última estação.

Este último sabor, confesso, foi o mais inesperado e por isso o que mais gostei: uma aguardente XO 40 anos – frutos secos, alperce desidratado e um suave brioche aveludava o toque na boca.

Nunca tinha bebido uma aguardente que me tivesse sabido tão bem! Talvez tenha ajudado todo o ambiente intimista da cave, entre milhares de barricas antigas e debaixo da tímida luz de um majestoso candelabro trazido do antigo hotel Savoy.

Uma sugestão: quando tiverem oportunidade provem esta aguardente com um pedaço de chocolate e laranja cristalizada –  torna a experiência mais deliciosa!

Voltei à superfície depois de 2 horas debaixo de terra a percorrer os longos e escuros tuneis do metro e a viajar pelo tempo e pelos sabores.

Mas entre fosseis, pedras preciosas e diversas esculturas, a peça mais valiosa no Aliança Underground Museum é sem dúvida o vinho!