Entre os muitos vinhos produzidos por esta casa, há um que a torna mundialmente famosa e que é sem dúvida um dos vinhos mais emblemáticos de Portugal, o Pêra Manca.

Conta a história que as vinhas de Pêra Manca existem já desde o séc. XVI e altura em que pertenciam aos frades do Convento do Espinheiro. Por ser uma cultura com elevados custos de manutenção, os frades cederam as vinhas ao escudeiro do Rei D. João II.

Desta maneira, o vinho Pêra Manca passou a acompanhar as naus portuguesas durante os descobrimentos pelo mundo e assim chegou pela primeira vez ao Brasil, pela mão de Pedro Álvares Cabral.

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Esta história foi contada quando visitei a Adega Cartuxa em Évora, dentro de uma sala com grandes tonéis onde descansam os próximos grandes vinhos desta casa.

Pêra Manca no entanto, por ser um vinho exclusivo, só sai em anos excepcionais, quando o enólogo considera que está dentro dos níveis de qualidade estabelecidos para esta marca. Produzido pela primeira vez em 1990, apenas 13 colheitas mereceram ser engarrafas como Pêra Manca tinto, sendo o branco produzido todos os anos.

Continuando a visita, fui convidada a assistir a um vídeo sobre o dia-a-dia nas vinhas, como são cuidadas as diferentes castas até chegar à adega.

Aí, as uvas são recepcionadas e processadas de acordo com a casta e com o tipo de vinho a que estão destinadas. Engarrafamento, rotulagem e embalamento são também tarefas muito importantes por que o vinho passa antes de chegar às lojas e restaurantes e claro, à nossa mesa!

Voltando à adega, passei por outra sala, onde estagiam em barricas de carvalho francês vinhos como o Cartuxa Reserva tinto ou Scala Coeli, um vinho que deve o seu nome a Santa Maria de Scala Coeli (verdadeiro nome do convento da Cartuxa).

Cada ano é produzido a partir de uma casta não original do Alentejo, dando assim a conhecer diferentes sabores e versatilidade do vinho português.

Antes de passar à prova, atravessei o “Corredor dos Aromas”, um verdadeiro boticário onde estão reproduzidos os aromas característicos das principais castas utilizadas nos vinhos da adega Cartuxa como a Aragonês e Trincadeira nos tintos e Antão Vaz e Roupeiro nos brancos.

Por fim a prova! Existem diferentes tipos de prova desde 1 vinho de gama de entrada até 5 vinhos topo de gama escolhidos pelo visitante. Todas elas incluem prova dos 3 azeites da casa, Álamos, EA e Cartuxa gourmet, devidamente acompanhadas com o delicioso pão alentejano!

A Adega Cartuxa pertence à Fundação Eugénio de Almeida há mais de 50 anos, uma instituição sem fins lucrativos, cuja principal motivação ao longo do tempo tem sido o desenvolvimento social, espiritual, económico e educativo da cidade de Évora.

Esta cidade Património da Humanidade tem muitos pontos de paragem obrigatória, sendo a Adega Cartuxa um dos que não devem perder!