O copo de vinho tem a função de fazer o vinho brilhar, mas a pergunta que se impõe é: um copo para cada casta ou um copo para todas as castas? Tentemos analisar as vantagens de cada um.

No mês de Maio tive a oportunidade e privilégio de estar presente em duas provas de copos, de certa forma mediáticas em Portugal.

Não só pela qualidade e inovação dos copos de vinho apresentados, mas acima de tudo por quem os representa e os veio pessoalmente apresentar: Jancis Robinson e Maximillian Riedel.

Maximilian Riedel: o membro da 11° geração de uma família de vidreiros

Riedel Veloce: Copo  desenhado para cada casta

Maximilian Riedel é o membro da 11° geração desta família de vidreiros. A Riedel é a mais antiga empresa produtora de copos, desde 1756, e pode mesmo afirmar-se que foi este nome que dignificou o vinho através do seu copo, mostrando ao mundo a importância do recipiente certo para o néctar dos deuses.

Sempre em evolução e constante inovação, a Riedel lançou recentemente uma gama de copos especialmente desenvolvida para vinhos monocasta. Acredita que o vinho se faz na vinha e isso deve ser reflectido no copo, casta a casta.

Trata-se da gama Veloce machine made mas, garante Max Riedel “É extremamente difícil produzir um copo desta qualidade em máquina e nós conseguimo-lo”

Mas o que me fascinou na Riedel Wine Glass Experience foi mesmo a parte sensorial da prova. Já sabia da existência de copos desenhados para determinadas castas mas, aqui entre nós que ninguém nos ouve, achei que era puramente marketing.

Não é só marketing! Efectivamente faz diferença provar vinho num copo que foi desenhado para evidenciar as caraterísticas principais de cada casta.

Cada modelo de copo influencia a forma como o vinho é direcionado para a nossa boca de forma orgânica e como os aromas são libertados. Isso faz-se através do formato do copo, da abertura da sua boca, largura do bojo e até a altura da taça.

Ou seja, explicando de forma mais prática:

Copo de Sauvignon Blanc

Um copo mais fino e comprido, com bojo e abertura mais estreitos. O copo oferece frescura e intensidade no nariz, um paladar harmonioso, com um excelente equilíbrio de fruta e acidez.

Copo de Chardonnay

Com um volume maior, boca larga é feita para vinhos brancos de estilo mais rico, permite libertar aromas sem se tornarem excessivamente concentrados.

Copo de Cabernet Sauvignon/Merlot

Feito para vinhos tintos encorpados, complexos e ricos em tanino. O tamanho  deste copo é maior de forma a dar destaque à fruta, suavizar texturas e equilibrar taninos.

Copo de Pinot Noir/Nebiollo

Perfeito para vinhos tintos de corpo leve com alta acidez e taninos moderado.

Detalhe de identificação de copo de vinho na sua base. Pode ler-se Riedel Veloce Chardonnay 330/97

Parece-me a mim que estes copos foram pensados essencialmente para usar na restauração de topo. Além disso, têm o objetivo de ajudar os escanções a dignificar os vinhos da sua carta. Por outro lado, podem também ser adquiridos por amantes de vinho que os queiram ter em casa.

Cada par de copos tem um valor de 59€ e encontram-se à venda em várias garrafeiras por todo o país.

Além de copos de vinho, a Riedel produz ainda copos de água e das mais variadas bebidas espirituosas. Tal como decantadores para os diferentes estilos de vinho.

“O copo é o palco que deixa o vinho brilhar” – M. Riedel

Jancis Robinson, Master of Wine

Jancis Robinson & Richard Brendon: One Glass For Every Wine

Na segunda prova, a Master of Wine Jancis Robinson apresentou o seu copo, criado em parceria com o designer Richard Brendon, especialista em copos e recipientes de vidro.

Neste caso, a filosofia é totalmente oposta à anterior. A premissa é que basta ter um copo bem desenhado adaptado a todos os estilos de vinho: o Copo Universal.

Esta ideia surgiu de Brendon, cuja empresa se especializou em copos de whisky inicialmente.

Quando se lembrou de arriscar criar um copo de vinho, a pessoa recomendada para o ajudar foi Jancis Robinson, que não hesitou em aceitar o desafio.

Jancis Robinson e dois homens na apresentação do seu copo de vinho criado em parceria com o designer Richard Brendon

Falamos de uma Master of Wine, jornalista e critica de vinhos com mais de 40 anos de experiência no sector. Já provou muito vinho de todo o mundo ao longo da vida. Assim, tem uma visão muito clara do ideal do copo perfeito.

Posto isto, o resultado é um copo que tem em conta as subtilezas de todos os vinhos. Desde o tinto ao branco, ao espumante e, até, o vinho do Porto. 

Desta forma, o copo JR+RB promete facilitar a vida dos entusiastas deste néctar. Podendo desfrutar todos os tipos de vinho disponíveis no mercado, da forma mais prática e simples possível.

4 Copos de vinho de Jancis Robinson, caixas pretas e garrafa/decantador

Quanto à estrutura do copo, alguns detalhes relevantes:

🍷 tem uma base mais larga que o bojo para lhe dar estabilidade quando pousado na mesa

🍷 uma abertura com o diâmetro certo – nem demasiado aberta nem demasiado fechada, para permitir que o vinho areje sem perder os seus aromas

🍷 e o mais importante: uma espessura fina o suficiente para ser delicado o contacto com a boca, mas resistente à lavagem.

Sim porque este copo foi desenhado a pensar também nas dimensões das máquinas de lavar domésticas e assim facilitar a sua lavagem.

Além do copo universal, a coleção JR+RB inclui ainda dois decantadores (sendo um deles multiusos e pode levar água, sumos, etc) e um copo de água.

Foto aproximada de copo de vinho criado por Jancis Robinson, com vinho tinto no fundo e garrafa de vinho ao lado.

Em Portugal, o representante oficial é a Herdade do Rocim que aceitou pôr os seus vinhos literalmente à prova no dia de apresentação do copo em Lisboa.

O teste foi feito com vinhos como: Espumante Herdade do Rocim Brut Nature 2021, Herdade do Rocim Amphora tinto 2022, Olho de Mocho Reserva tinto 2011 e mesmo o Bela Luz Porto Vintage 2020, entre outros.

Mais sobre a melhor utilização de copos e decantadores – como os limpar, guardar, e que copo podem ter em casa – recomendo ler este artigo.