Quinta do Ameal: 20 anos de Loureiro, glicínias e de um dos lugares mais bonitos do Vinho Verde!
Pela segunda vez pisei o solo da Quinta do Ameal, no Vinho Verde. A primeira vez foi há cerca de cinco anos, em que as flores e o verde da paisagem, em torno da casa grande, me ficaram gravadas na memória e me deixaram com uma vontade enorme de regressar.
E isso foi possível, numa celebração muito especial: os 20 anos da Quinta do Ameal.
Ao contrário da primeira vez, agora a quinta pertence ao Esporão. É na verdade a mais recente aquisição da família, chamemos-lhe a “irmã mais nova” da Herdade do Esporão no Alentejo e da Quinta dos Murças no Douro.
©EntreVinhas ©EntreVinhas
Foi em 2009, momento em que João Roquette – CEO do Esporão – provou um loureiro da Quinta do Ameal, que este “namoro” começou. Além de, na altura, ser um vinho certificado biológico, era um Loureiro cheio de personalidade e por isso não saiu da cabeça de Roquette.
Dez anos depois de muita conversa e negociação, o desejo de adquirir a quinta concretizou-se e a primeira vindima do Esporão no Vinho Verde aconteceu em 2019.
Começava então uma nova etapa com o objectivo de elevar a qualidade de ambas as marcas: Esporão e Quinta do Ameal.
©Esporão
Este é realmente um lugar especial e o vinho que aqui nasce, mais do que um Vinho Verde é um Loureiro do Vale do Lima. As vinhas aqui crescem em solo granítico, à beira do rio Lima e rodeadas de floresta com nogueiras, castanheiros e pinheiros mansos.
Tudo é verde naquela quinta e todos os aromas das flores do jardim, eu consegui encontrar num copo de loureiro.
Na verdade, foi mais do que um copo. Para celebrar os 20 anos da Quinta do Ameal, a proposta foi provar as melhores colheitas desde 1999 – a primeira – até à mais recente de 2020.
Ameal Loureiro ©EntreVinhas Ameal Escolha ©EntreVinhas Ameal Solo Único ©EntreVinhas
Como eu dizia, no nariz o loureiro é talvez das castas mais florais que eu conheço onde encontro flor de jasmim, tília, flor de laranjeira e mais perfume encontraria mais cheirasse o vinho!
Já na boca, é evidente a acidez desta casta. Uns dizem que é uma acidez vibrante, eu achei-a quase acutilante! Um citrino intenso que não desvaneceu ao longo das 8 colheitas provadas. Percebi a evolução na cor e sim, na boca já surgiam mais notas de petróleo e de oxidação, mas a acidez, essa, permanecia firme mesmo num vinho com 20 anos.
Numa visita às vinhas, acompanhada por um geólogo galego percebi que existem 4 terroirs diferentes nos 14 hectares de vinha. Neste espaço, claramente se encontram zonas onde a vinha tem mais vigor que outras, em que se tem de esforçar mais ou menos para criar raízes e procurar nutrientes, e isso reflecte-se nos vinhos.
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Actualmente, a Quinta do Ameal mantém as práticas de agricultura sustentável respeitando ao máximo o que o solo dá, o que o clima permite e o que o Loureiro decidir, a cada ano.
Provei diferentes colheitas da gama Ameal Loureiro, Ameal Escolha e Ameal Solo Único.
Ameal Loureiro é a gama que permite o Loureiro revelar-se da forma mais natural, mostrar a sua intensidade e capacidade de evolução. Vinhos sem madeira, apenas estágio em inox. Pura fruta!
Ameal Escolha é um vinho que nasce de uma só parcela da quinta chamada Marinhas. Uma parcela mais alta e mais vigorosa. Os vinhos são mais concentrados, com mais corpo e bons taninos. O Ameal Escolha já passa por barrica de carvalho francês durante um ano.
Ameal Solo Único também vem de uma só vinha, a do Marejão. Este é o chamado “vinho de solo”, ou seja, aquele em que as características do solo prevalecem às da casta. Sendo um solo granítico, a mineralidade e até salinidade sentem-se bem no copo!
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Para terminar em beleza a festa dos 20 anos, foi preparado um almoço no jardim, debaixo da latada de glicínias numa mesa linda, digna da ocasião.
Como entrada, foram servidas ostras de Aveiro com o vinho Bico Amarelo. Este é um vinho que representa um pouco de toda a região do Vinho Verde.
É feito não só a partir de Loureiro do Vale do Lima mas também Avesso de Baião e Alvarinho de Monção e Melgaço. Um vinho cheio de fruta – para mim o ananás destaca-se – com final intenso e prolongado.
©Esporão – Bico Amarelo ©EntreVinhas
Como prato principal a opção era entre bacalhau assado ou o tradicional cabrito no forno com batata. Para contrariar a ideia de que vinho branco, e mais concretamente do Vinho Verde, só se bebe com peixe, fui mesmo para a carne.
E não é que o Ameal Escolha 2001 esteve perfeitamente à altura do cabrito?
Porque além da acidez constante em todos os vinhos, este 2001, pela sua evolução, já tem claras notas de frutos secos – na verdade, o que eu senti mesmo foi castanha assada e achei isso uma combinação incrível com a carne!
Fundado em 1973, o Esporão é hoje muito mais que uma marca de vinho alentejano. É vinho, azeite, é cerveja e experiências de enoturismo no Alentejo, Douro e Vinho Verde.
E por falar em enoturismo, o Ameal Wine & Tourism está aberto ao público desde 2015, para quem quiser conhecer melhor a marca.
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Além das visitas à adega e prova de vinhos com petiscos, pode também fazer passeios guiados de kayak no rio, bicicleta, river trekking e percorrer a ecovia do rio Lima a partir da Quinta do Ameal.
Se não é muito dado ao desporto de aventura, pode sempre ficar a relaxar na piscina ou à sombra, nos jardins da quinta!
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No Ameal existem duas casas preparadas para receber hóspedes: A Casa Grande, com três suites independentes e a Casa da Vinha com duas suites que incluem kitchenette e serviço de pequeno-almoço.
Todos os quartos são lindos e rodeados por uma paisagem incrível, mas aceitem a minha dica: escolham aquele que tem um duche exterior no meio da floresta de bambus!
Parabéns à Quinta do Ameal por estes 20 anos de excelentes vinhos e ao Esporão, que não pára de crescer e de se inovar!